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 | 02/12/2009 05h10min

No fundo, colorados e gremistas estão juntos

Diogo Olivier, colunista online  |  diogo.olivier@zerohora.com.br



A rigor, não há dilema no Olímpico. Nunca houve. Não para esta última rodada, ao menos. Haveria se existisse alguma dúvida. Não é o caso. O Grêmio, como instituição, jamais cogitou ajudar o Inter a ser campeão. Não importa se isso implica ganhar, empatar ou perder.

A discussão sempre foi como agir de modo a deixar a lógica da paixão prosperar com o mínimo de implicações jurídicas ou mesmo políticas no futuro. No ano que vem tem mais campeonato e o feitiço pode virar contra o feiticeiro quando um novo dezembro chegar.

Nenhum gremista, torcedor, jogador ou dirigente, perdeu o sono por se sentir entre a cruz e a espada. Todos pensaram do mesmo jeito: "o Inter não pode ser campeão brasileiro depois de 30 anos pelas nossas mãos". Ou pés, no caso. Pode ter uma ou outra exceção, admito, mas digamos que 99% entende que perder para o Flamengo, para o Grêmio, é o mesmo que ganhar no Maracanã.

Vou além. Os colorados de verdade, aqueles apaixonados, compreendem os gremistas.

Fora dos microfones, no pátio do Beira-Rio, o vice de futebol do Inter, Fernando Carvalho, brinca com a situação. Ontem, antes da solenidade que concedeu a ele o título de cidadão de Porto Alegre, na Câmara de Vereadores, Carvalho aparece no estádio de camisa azul. Não foi de propósito, mas o dirigente topou a brincadeira.

— Tô no clima! — divertiu-se Carvalho.

É isso. Não há dilema algum. Gremistas e colorados sabem o que fariam diante de um episódio como o de domingo. Não há conflitos de consciência na Província de São Pedro.

É correto entrar em um jogo para perder? Pela lisura do campeonato e o espírito esportivo não vale o gesto da dignidade de lutar por um resultado mesmo que isso favoreça o rival? Bem, isso é outra questão. Se a rivalidade Gre-Nal fosse algo assim evoluído, tudo bem. Não é o caso. Tangenciamos a barbárie neste quesito.

Portanto, não há dilema de fato. Gremistas e colorados, diante dessa anomalia, agiriam da mesma forma. Melhor pensar em como isso não acontecer mais. A sugestão do Juca Kfouri é interessante. Se a última rodada for a dos clássicos regionais, todos entrariam para ganhar, por este ou aquele motivo. E os pontos positivos do turno e returno restariam preservados, como garantir atividade aos clubes o ano todo.

O certo é que não existe dilema. O Grêmio jamais cogitou empatar ou ganhar. E o Inter sempre compreendeu isso. Os discursos podem dizer o contrário, por razões óbvias como o título do Flamengo.

Mas lá no fundo, colorados e gremistas concordam. O resto é jogo de cena.

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