Com metade da vida gasta em baterias de campeonato, o surfista Fábio Gouveia, 40 anos, decidiu pendurar a camisa de lycra. Radicado em Florianópolis desde 2002, o paraibano que escancarou as portas do World Tour para o surfe nacional, ao lado do catarinense Teco Padaratz, deu adeus às competições no último final de semana.

Referência no planeta, Fabinho contrariou as expectativas de que um atleta deve parar no auge:

— Eu queria ver até onde ia. Jamais pensei em parar no auge — disse Fábio.

A vontade de parar surgiu com os problemas na coluna que o afastaram das competições em 2003 e 2004. Mas a determinação de um “cabra da peste” aliada ao talento nato fizeram o atleta insistir por anos e levantar troféus como o de campeão brasileiro da temporada de 2005.

O adeus às competições não significará folga para Fabinho. Ele continuará a surfar nos picos do Sul da Ilha, pertinho de casa, onde tem uma sala de shape para fabricar “foguetes”. Tem ainda a responsabilidade da família. É casado com Elka, ex-bodyboarder, tem três filhos (Ian, Igor e Ilana), todos já adolescentes. Adepto do método Pilates, reserva tempo para cuidar do corpo desgastado.

Fabinho Gouveia ainda colabora com textos para revistas e imagens no site do seu patrocinador, a Hang Loose, e tem um programa no canal de televisão fechado Woohoo. Além disso, deve seguir a trilha de ex-campeões mundiais como Martin Potter e Tom Carrol, que são consultores de marcas que os patrocinavam. Para quem quer ter a longevidade dele, Fabinho aconselha profissionalismo:

— Já vi atletas com potencial deixar a desejar no extrasurfe — garante.

Principais títulos

Campeão brasileiro amador 1987, campeão mundial amador 1988, campeão do Hang Loose Pro Contest 1990, campeão mundial do World Qualyfing Series (WQS) 1998, bicampeão brasileiro profissional (1998 e 2005) e vitórias em etapas da ASP no Brasil, Havaí (Sunset Beach), Japão, Austrália, França e Portugal.