Para ele, 2009 foi como uma montanha-russa. Entre perda de patrocínio, vitórias em etapas da Copa do Mundo de Ginástica Artística, cirurgia no ombro e falhas decisivas no Mundial de Londres, Diego Hypolito, 23 anos, atravessou um dos momentos mais marcantes de sua carreira. Mas por vocação — e algum esforço —, o bicampeão mundial de solo está acostumado a sobressaltos. Neste final de semana, completa uma volta por cima. Tetracampeão inédito com uma etapa de antecedência, disputa desde esta sexta-feira a última fase da Copa do Mundo de Ginástica Artística. Classificou-se em primeiro lugar para a final do salto, que ocorre no sábado, em sua melhor apresentação do ano: recebeu 15,900 dos jurados. É sua penúltima competição do ano. A última será em Porto Alegre, no Campeonato Brasileiro de Ginástica Artística, de 25 a 29 de novembro, quando os gaúchos terão a oportunidade de ver o guri em ação de pertinho. Em clima de descontração com os amigos, da Alemanha, o paulista de Santo André falou a Zero Hora.

Zero Hora — Você passou por alguns momentos bastante delicados em 2009, como perda de patrocínio e a falha no Mundial de Londres. Tu achas que teu feito na Croácia marcou uma virada?

Diego Hypolito — Não acho. Consegui resultados muito bons em 2009. Tem sido o melhor ano da minha carreira. Antes do Mundial, fiquei sem treinar por causa de uma cirurgia no ombro, então acho que não fui tão mal. Sei que a expectativa era grande, e que decepcionei. Também gostaria de ter disputado a final. Infelizmente não deu, mas atingi minha meta para este ano, que era conquistar o tetracampeonato da Copa do Mundo.

Zero Hora — Você já é o campeão da Copa do Mundo de 2009. A participação nesta etapa será apenas para cumprir um protocolo?

Diego Hypolito — Não. Eu nem precisaria disputar neste final de semana, mas vou apresentar uma série mais difícil. A vitória antecipada tira de você um pouco da pressão. Então vou arriscar exercícios com maior nível de dificuldade.

Zero Hora — A expecatativa do público te atrapalha?

Diego Hypolito — Quando eu comecei a ganhar competições, percebi que a responsabilidade estava aumentando. Mas este ano não acho que tenha sido a expectativa que me atrapalhou, por exemplo, no Mundial. Acho que a falta dos treinos, que são o que deixam o atleta seguro, foi a causa principal.

Zero Hora — O que foi mais difícil em 2009: perder patrocínio ou ter que lidar com as lesões?

Diego Hypolito — Eu acredito que a coisa mais difícil para qualquer atleta sejam as lesões. Atrapalham muito, tiram seu ritmo de treino. Eu, por exemplo fiquei mais de um mês afastado dos treinos depois da cirurgia no ombro. Agora mesmo não tenho treinado para me poupar.

Zero Hora — Existe uma polêmica grande sobre a falta de patrocínio para os atletas de alto rendimento no Brasil. Você acha que esta é a maior dificuldade para quem quer viver do esporte?

Diego Hypolito — Não posso responder por isso. Felizmente tenho um bom patrocinador, então para mim, mesmo com a perda de outro auxílio, não tem sido grande problema. Mas como estou há algum tempo fora do Brasil por causa das competições, prefiro não comentar esse assunto. Para não falar besteira.

Zero Hora — Você comentou em entrevistas que pretende criar um novo elemento com o Hypolito 3. Tem ideia do que será feito?

Diego Hypolito — Eu já tenho vários movimentos inéditos prontos. Só o que falta é uma oportunidade para testá-los. Nem sempre vale a pena. É sempre um risco você fazer um movimento novo, mas eu vou colocar um elemento diferente na próxima série. Ainda não decidi qual.

Zero Hora — O que você espera do retorno à capital gaúcha para o Campeonato Brasileiro?

Diego Hypolito — Eu gosto muito de Porto Alegre. Durante o tempo em que eu morava aí para treinar fiz alguns amigos, como o Mosiah (Rodrigues, ginasta do Grêmio Naútico União). Então acho que tem tudo para ser uma boa temporada. Depois, é férias.