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Esportes  | 04/11/2009 04h01min

Mário Sérgio é contra palestra motivacional

Técnico entende que jogadores devem reagir a partir da cobrança da torcida, da imprensa e da autocrítica

Diogo Olivier  |  diogo.olivier@zerohora.com.br

O técnico Mário Sérgio tem dúvidas quanto ao time e ao esquema a ser adotado nos últimos cinco jogos do Brasileirão, mas ontem ele anunciou ao menos uma certeza. É contra palestras motivacionais, entre elas as que exibem filmes como Gladiador, exemplo citado por ele mesmo. Estas não ocorrerão mais para mobilizar os jogadores a vencer quatro das cinco partidas que faltam rumo ao sonho da vaga na Libertadores.

O problema é que o Inter tem um profissional de fama nacional contratado justamente para trabalhar este lado anímico do futebol: Evandro Mota.

De acordo com Mário Sérgio, o que deve provocar reação ou a resposta do jogador são as críticas da torcida, da imprensa ou a sua autocrítica.

— Passar filme do Gladiador ou da Guerra do Vietnã antes de jogo não é comigo – avisou o treinador. — Imagine se vocês (repórteres) antes de escrever uma reportagem tivessem que assistir filme para se motivar ou escrever melhor. Não acho que seja por aí.

Mota é um profissional conhecido no futebol. Atua desde 1980 como consultor, palestrante e instrutor na área motivacional e de melhoria de performance. Participou da preparação da Seleção Brasileira campeã da Copa de 1994, nos Estados Unidos. Já ministrou cerca de 600 cursos na área de desenvolvimento pessoal em todo o país. No Inter, trabalha desde 1997. Nos títulos da Libertadores e do Mundial, ele estava lá.

— Já trabalhei com oito técnicos no Inter, desde Carlos Alberto Parreira. O trabalho se dá em função do comandante (o técnico). Meu trabalho é com a comissão técnica. Conversamos durante a semana e, depois, repasso algum tipo de material para o técnico usar ou não nas preleções — explicou Mota. — Não fui avisado de mudança alguma neste planejamento.

Desde a sua chegada, há um mês, as entrevistas de Mário Sérgio têm sido pontuadas por declarações fortes. Ontem, além da questão motivacional, o treinador também falou sobre eventuais interferências no seu trabalho. A resposta teve o tom de recado antecipado aos dirigentes, mesmo que a pergunta não tenha mencionado as declarações do presidente Vitorio Piffero após a derrota para o Botafogo, criticando a opção por Alecsandro e Alan Kardec juntos no ataque.

— Não vendo a alma ao diabo. Não aceito palpite. Quem me conhece sabe que nunca aceitei interferência na minha vida pessoal e profissional — afirmou Mário Sérgio, tremendo de frio após dirigir um bom treino, forte e disputado abaixo de chuva no gramado suplementar do Beira-Rio.

Além de afastar de antemão qualquer ingerência no seu dia-a-dia, Mário Sérgio anunciou outra medida para os últimos cincos jogos, dos quais o Inter precisa vencer ao menos quatro, a começar pelo Barueri, no domingo, para garantir vaga na Libertadores. Depois de um ano de pressão e da revolta de torcedores após a derrota de domingo o melhor é baixar a bola.

— É hora do tato, da sutileza. Apertar agora não vai adiantar nada. Melhor conversar, ir com calma — sugeriu Mário Sérgio.

 
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