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 | 09/10/2009 05h30min

O vírus da acomodação está matando o Grêmio

Diogo Olivier, colunista online  |  diogo.olivier@zerohora.com.br



Valdir Friolin








É louvável o conceito a longo prazo da direção do Grêmio. Paulo Autuori foi escolhido a dedo para organizar o futebol do clube e planejar 2010 com antecedência, algo difícil de se ver no futebol brasileiro de tantas emergências. Trata-se de um grande e provado técnico, não resta dúvida.

Só que o Grêmio não engrena no Brasileirão. Aos poucos, vai ficando distante até do grupo que classifica para a Libertadores. A distância para o G-4 é de seis pontos. O Atlético-MG, último do quarteto, ficou nos 47 após a derrota para o Botafogo por 3 a 1. Diante deste quadro, vale um questionamento:

Não estaria a direção do Grêmio exagerando no apoio incontestável a Autuori?

Não falo em retirar-lhe sustentação para seguir o trabalho. Não é nada disso. Falo em cobrar soluções e, também, alguns resultados. Vendo o Grêmio jogar e, depois, ouvindo as entrevistas dos dirigentes, tem-se a impressão de que está tudo ótimo.

É sempre o mesmo discurso de planejamento a longo prazo, enquanto o presente compromete o futuro e, portanto, o tal planejamento a longo prazo. Qual é o fato objetivo do Olímpico, o tema sobre o qual é preciso se debruçar agora, neste momento, véspera de enfrentar o Corinthians de Mano Menezes no Pacaembu?

O fato é que Autuori pegou o Grêmio na Libertadores e, hoje, está apenas na Sul-Americana.

Como o clube faz pouco caso da Sul-Americana oficialmente, o atual 7º lugar é nada na hora de pensar em 2010. Os torcedores — já se percebe isso durante os jogos, nos e-mails para veículos de imprensa, nas enquetes — começam a manifestar inquietude. E nem se pode condená-los. Imagine se fosse Celso Roth que, faltando 11 jogos para o fim do campeonato, só tivesse vencido uma vez fora de casa.

Está faltando um tom de voz mais elevado da direção do Grêmio para um time que não figurou nenhuma vez no G-4 em 27 rodadas. A estabilidade de todos no Olímpico é irritante.

Tranqüilidade é importante para um trabalho dar certo, mas não pode significar ausência de cobrança. Só contratar um grande treinador, como é o caso, e deixar tudo na mão dele não resolve. Está faltando indignação geral. O Grêmio de Autuori é um time acomodado. Se ganha, ótimo. Se perde, não é tão grave assim: todos sabem que, seja qual for o resultado, o planejamento para 2010 será mantido e a maioria estará nele.

Tomara que uma vitória sobre o Corinthians no Pacaembu, amanhã, traga de volta a velha e boa indignação de tantas glórias ao Grêmio. Antes que o vírus da acomodação se alastre e seja tarde demais.

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