| 20/09/2009 05h10min
Bem, os colorados que não viram a derrota do Inter para o Vitória por 2 a 0 pela TV devem ter ouvido as explicações do técnico Tite e dos dirigentes na Rádio Gaúcha e, claro, se irritado um bocado com elas. O Inter empacou nos 43 pontos, não consegue alcançar a liderança do Campeonato Brasileiro e agora começar a ver os adversários encostarem. A gordura acumulada lá no começo virou magreza total. De agora em diante, se não somar pontos sai até do G-4. Você já sabe disso, é claro. Pois em vez de descrever o jogo de ontem, de ficar naquela ladainha do que já aconteceu, melhor avançar.
Depois de ontem, o que o Inter deve fazer para voltar a vencer e ser campeão brasileiro? Modestamente, apontaria quatro medidas. Aí vão elas, sem mais firular, até por que D'Alessandro esgotou o estoque no Barradão sem efeito prático algum.
1) O Inter
não consegue parar de levar gols? Então que
abandone de vez o tal losango assimétrico de meio-campo. Melhor deixá-lo só nos livros de geometria espacial. Funcionou na Sul-Americana dentro de um contexto muito particular no ano passado, mas murchou. Está esgotado. O Inter precisa adotar de uma vez por todas o 3-5-2. Se for o caso de aqui e ali retomar o 4-4-2 como alternativa, tudo bem. Mas é preciso mexer. Há zagueiros sobmedida no Beira-Rio para o 3-5-2 não ficar retrancado. Todos sabem sair jogando. Com um trio de zagueiros e mais Sandro e Guiñazu, a sangria de gols — são 32, um absurdo para quem sonha com o título — vai parar. Ou diminuir. Ao menos isso.
2) Sepultamento oficial do discurso de melhor grupo do Brasil. Por dois motivos. Primeiro, por que não é verdade. São Paulo, Palmeiras e até o Cruzeiro, que venceu o Inter sem Cléber e Wellington Paulista, entre outros desfalques, têm elencos qualificados como o do Inter. Esta história de ser o melhor precisa terminar, a começar pelo próprio Beira-Rio, onde os dirigentes sempre
disseram
que o grupo era bom e numeroso para ganhar todos os títulos do universo. O segundo motivo é a expectativa exagerada, que causa abalos emocionais no time. Ontem, depois de um primeiro tempo muito bom defensivamente, bastou o Inter sofrer um gol de escanteio após um erro individual de Sandro, que jogou bem, mas não pulou com Wellington, e a organização sumiu. Dali em diante parecia várzea. Se o Inter se conscientizar que só será campeão na base do esforço e da superação, e não com atuações estilo Rolo Compressor, vai ficar mais fácil.
3) A direção poderia contribuir e parar de vender jogadores. Nilmar já foi, agora é a vez de Magrão. Giuliano está na seleção sub-20 e daqui a pouco Sandro será chamado novamente por Dunga. Ontem, diante do desempenho horrível de D'Alessandro, havia apenas Wagner Libano na função. Marquinhos é mais atacante. E mesmo ele ainda é uma promessa, apenas. Não dá mais para perder ninguém. Se um dos volantes se machucar, quem entra? Glaydson. E a lateral-direita de
Danilo Silva?
E Marcelo Cordeiro para a reserva de Kléber? Vender Magrão neste momento foi um erro. Que seja o último.
4) Rever a titularidade de alguns jogadores. O que não significa condená-los ao desterro. Nada disso. É uma questão de momento, apenas. Eles podem voltar tinindo mais adiante. Taison, por exemplo. Os gols tornaram-se raros, a jogada vertical desapareceu e a ajuda na marcação da saída de bola adversária é pouca. Nilmar, uma estrela de Seleção, vivia roubando a bola dos zagueiros. Taison começou o ano a mil por hora, mas agora está devagar quase parando. Melhor tentar Edu ou até Marquinhos. Vale o mesmo para a lateral-direita. Danilo Silva não pode ser a opção para a ausência de Bolívar. Quem sabe Daniel ou até alguma improvisação. Mas Danilo tem dificuldade nos cruzamentos e quase não dribla. Ontem, errou até uma cobrança de lateral, atirando a bola no pescoço de D'Alessandro.
Somando os pontos só do 2º turno, o Inter seria 15º lugar. Depois de duas derrotas
seguidas, para Cruzeiro e
Vitória, da maneira como elas aconteceram, com muitos erros defensivos, é preciso mudar. E há tempo para isso. Desde que todos no Beira-Rio se conscientizem da necessidade da mudança. O que não parece ser fácil.
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