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 | 14/09/2009 05h11min

Nada está perdido para Grêmio e Inter

Diogo Olivier, colunista online  |  diogo.olivier@zerohora.com.br


A rodada do fim de semana é emblemática para liquidar de uma vez com as análises definitivas sobre tudo. Mesmo que o bom senso indique o contrário, tem sido assim desde a adoção do sistema de pontos corridos no Brasileirão.

A cada jogo, prognósticos irrecorríveis são atirados ao vento como verdades inatacáveis. Depois, quando tudo muda de figura no fim de semana seguinte, ninguém lembra mais das temeridades proclamadas dias antes.

Assim, o São Paulo já foi dado como time cansado e morto. O Avaí estava rebaixadíssimo em maio. O Barueri, então, nossa: quem não o colocasse entre os quatro degolados era motivo de chacota. O Atlético-PR na mão do aposentado Antônio Lopes? Último lugar, questão de tempo. E o Goiás, com o reforço de Fernandão: lance de futuro campeão. Abordo este assunto por conta dos resultados de ontem da dupla Gre-Nal.

Comecemos pelo Inter.

Primeiro, o técnico Tite. Os críticos haviam sumido. Ontem, depois da derrota para o Cruzeiro por 3 a 2 no Beira-Rio, eles voltaram. Como se ele tivesse culpa por Danilo Silva perder no cabeceio para Gilberto ou Guiñazu perder a bola ao sair jogando na frente da área. O argentino não é obrigado a acertar sempre.

O treinador da derrota para o Cruzeiro é o mesmo das atuações consistentes contra Avaí, Goiás e Atlético-MG. Isso o exclui das críticas? É claro que não. Ontem mesmo, o mais correto era ter começado com Andrezinho, já que o time havia se acostumado às características de Giuliano no meio-campo, e Andrezinho está mais para Giuliano do que para Magrão. O maniqueísmo é mesmo uma chatice.

Mas o maniqueísmo nem é o mais grave defeito dos que têm certeza de tudo antes da primeira rodada de qualquer campeonato. O Inter perdeu em casa um jogo que poderia ter lhe dado a liderança com dois pontos de folga sobre o Palmeiras. Um tropeço grandioso. Verdade. Só que nem por isso o mundo acabou e agora só resta pensar em G-4, como insinuam os mesmos que, na próxima vitória, voltarão a falar em título.

Até no vestiário do próprio Inter havia um sentimento depressivo exagerado, como se nada mais restasse senão se contentar com um 4º lugar em dezembro — e olhe lá. Ontem o time errou bastante, como havia acertado muito nas três rodadas anteriores. Ponto. Vida que segue, bola para frente. Sem decretos definitivos para o bem ou para o mal. O resto é drama mexicano.

Agora, o Grêmio.

Aqui mesmo na coluna escrevi que me parecia absurdo um time do tamanho do Grêmio desistir do título, mesmo que a vitória fora de casa demorasse tanto. Ela veio, aleluia, nos Aflitos, 2 a 0 sobre o Náutico — o novo Juventude na vida do Grêmio. Quando a situação aperta, aparece o Náutico no caminho. Agora, o time do técnico Paulo Autuori está a quatro pontos do G-4 e enfrenta o Fluminense no Olímpico, domingo.

É mais difícil para o Grêmio ser campeão, já que 8 pontos o separam do líder? Bem, até os postes da Azenha sabem disso. Mas daí a decretar que é impossível é de uma medriocridade hedionda, sobretudo quando faltam três meses para acabar o Brasileirão.
Se existisse um time no campeonato acima da média, com regularidade em alto nível e um supercraque capaz de decidir a qualquer momento, tudo bem sentenciar que vai acontecer isto e aquilo ali adiante. Mas por favor: o líder é o Palmeiras, que raramente joga bem. O Atlético-MG de Celso Roth está no G-4 e até o Goiás de Hélio dos Anjos ocupa a ponta de cima da tabela.

Com um campeonato equilibrado assim, tudo pode acontecer, como já mostraram Avaí, Barueri, São Paulo e Atlético-PR, só para ficar nos exemplos que arrolei lá em cima. Vamos combinar, algumas análises são até engraçadas. Se ganha, é só fazer isso, mais isso e pronto: campeão. Se perde, agora enfrenta este adversário duríssimo, depois aquele outro fora de casa e pronto: G-4 está de bom tamanho.

Se conseguíssemos ser menos dramáticos a cada fim de semana, encarando o futebol com um pouco mais de naturalidade, sem a necessidade de anunciar as Profecias de Nostradamus do mês no mundo da bola, evitaríamos uma série de constrangimentos. Nada está perdido, seja qual for o resultado da rodada seguinte.

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