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 | 05/07/2009 15h26min

Felipe Melo diz que é um "achado" de Dunga na Seleção

Volante agradece ao técnico por oportunidades

O volante Felipe Melo, da Fiorentina e da Seleção Brasileira, agradece ao técnico Dunga pelas oportunidades no time. O jogador estreou com a camisa canarinho no amistoso contra a Itália, em fevereiro, em Londres, e não saiu mais do time desde então.

Revelado no Flamengo, Felipe Melo ainda lamentou as situações difíceis vividas pelos rivais Botafogo e Vasco da Gama. Confira a entrevista:

Os resultados do Dunga como treinador da Seleção são expressivos. Você acha que a resistência a ele foi fruto do estilo dele?
Todo mundo sabe da personalidade dele. Ele tem uma mentalidade vencedora. Gente assim não gosta de perder. O diferencial dele é que quando tem de dar dura, dá, mas sempre com respeito. Sempre conversa fora de campo também. É um cara que jogou na minha posição. Sou muito grato a ele e ao Jorginho por tudo o que fizeram por mim. Eles deram a cara a tapa. Hoje, sou um achado deles, da atual comissão técnica da Seleção.

Pela resistência da torcida, você se acha o Dunga do Dunga?
Tenho a mesma vontade de ganhar do que ele. Posso dizer que sou parecido com o Dunga nisso. Mas não gosto muito de comparações, principalmente com um cara que ganhou tudo, como o Dunga. Um camarada que já fez sua história na Seleção. Ainda estou na luta, querendo construir a minha. É muito bacana ser comparado, mas não gosto muito disso não.

Como você analisa o futebol carioca de hoje?
Como flamenguista, é bom ver o Vasco na segunda divisão. Mas, como profissional, é uma lástima. Um grande clube, conhecido mundialmente. Acho muito ruim ver o Vasco na situação em que está, o Botafogo na lanterna e os outros sem essa gana de ganhar o Brasileiro. Clubes com tantos títulos não podem viver apenas do Estadual.

Qual será o destino do Felipe Melo, depois do sucesso na África do Sul, com a Seleção?
Felipe Melo vai para a Itália, quando acabarem as férias (risos). Tenho contrato com a Fiorentina. Já estava no contrato que, se tivesse uma boa temporada, o clube poderia aumentar o tempo do compromisso de cinco para seis anos. Eles exerceram essa cláusula e estou muito feliz. Se o Almería fosse um grande clube, como a Fiorentina, talvez estivesse lá até hoje. Sou muito grato à Fiorentina. Cheguei lá e sempre fui titular, nunca fiquei no banco.

Como é a sua relação com o povo de Florença?
Sou um ídolo na cidade. Não posso andar na rua que todas as pessoas vão em cima de mim. Algumas choram quando falo que vou embora. Gosto muito de Florença. Mas o futuro a Deus pertence. Se amanhã ou depois o clube disser que vai me vender, não depende mais de mim.

Você acha que a postura de alguns jogadores tem prejudicado a imagem dos brasileiros que vão para a Europa?
Eles sabem que é diferente. Tem jogador que é profissional e tem jogador que não é. Eles sabem disso. Se não fosse assim, não teriam tantos brasileiros na Europa. O Diego, na Juventus, e o André Santos cotado para ir para lá, por exemplo. Isso é fruto da qualidade do brasileiro. Claro que há exceções, que não são profissionais e mancham o nome do jogador brasileiro. Mas a grande maioria dá conta do recado e cumpre um bom papel.

Você acha que estourou tarde ou foi no tempo certo?
Foi no meu tempo. Quando estava na Espanha, jogava em clubes pequenos, que lutavam para não cair. Não atuava, porque era improvisado, isso dificultava. No primeiro ano no Almería, em que joguei na minha posição, mostrei qualidade, que sou digno de um grande clube europeu. Com muita humildade, quero continuar assim.

Como foi o começo na Espanha?
Foram 11 anos jogando no meio-de-campo. Depois disso, jogar como ponta-esquerda ou atacante é muito difícil, ainda mais em uma campeonato como o Espanhol. Pedi muitas vezes para o treinador me colocar no meio. O Miguel Ángel Portugal (treinador do Racing Santander entre 2006 e 2007), que depois deixou o clube para ser dirigente do Real Madrid, dizia que não, que eu não tinha qualidade para isso. Como é um camarada inteligente, viu que se equivocou. Tanto que me ligou depois, quando estava na Fiorentina, para me dar parabéns.

Quando jogava pelo Flamengo, você era meio marrento, agora está bem diferente. O que mudou?
O Felipe do Flamengo tinha 17 anos. Hoje, ele tem 26 anos. A maturidade muda muito a gente. Não era marrento, era um adolescente que não gostava de ouvir críticas. Hoje, mesmo com o nome que tenho, ouço qualquer um que disser que eu estou errado. Muita gente pensa que fui mandado embora do Flamengo. O clube me deve até hoje. Começava a carreira e não tinha condições de ficar três, quatro meses sem salário. O presidente era o Hélio Ferraz, que não entende nada de futebol. O Radamés Lattari (dirigente do clube em 2002 e 2003) pode entender muito de vôlei, mas de futebol não entende nada também.

Já que estamos em uma viagem no tempo, como era sair de Volta Redonda para ir treinar no Flamengo?
Era difícil. Estudava de manhã, saía de Volta Redonda e ia de carro para o Rio, geralmente com meu pai. Muitas vezes, comíamos no carro. Dava a comida para ele, na boca, e depois eu comia. Como jogava futebol de salão também, treinava no Flamengo, em um quartel, na Avenida Brasil, e depois ainda ia para Niterói, onde treinava no Tio Sam. Chegava às duas da manhã em casa e ainda tinha de acordar cedo para estudar no dia seguinte.

Como era o Felipe Melo, em Volta Redonda?
Apesar de não gostar muito de escutar os outros, sempre respeitava os mais velhos. Mas, os adolescentes da época, não. Tinha muitos desentendimentos. Com 13 anos fui morar com meus avós (em São Gonçalo) e as coisas melhoraram um pouco. Por exemplo, quando um companheiro podia passar a bola para mim, mas chutava, aquilo me irritava. Alguns entendem. Outros, se você der uma dura, abaixam a cabeça. Muitas vezes dava dura e o jogo do cara acabava por ali. Em vez de ganhar um jogador, perdia. Às vezes, perdia um amigo. Mas isso mudou muito hoje em dia.

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