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 | 03/07/2009 05h10min

O futuro do Grêmio é mais espinhoso

Diogo Olivier, colunista online  |  diogo.olivier@zerohora.com.br



Foto: Jefferson Botega










Foram derrotas idênticas para Inter e Grêmio, na final da Copa do Brasil e na semifinal da Libertadores, contra Corinthians e Cruzeiro. Derrota fora de casa por dois gols de diferença e empate em casa em 2 a 2. A sexta-feira, na rivalidade Gre-Nal, será de silêncio absoluto. Colorados não podem tocar flauta nos gremistas. Gremistas não podem tocar flauta nos colorados. Assim, o que de melhor Grêmio e Inter têm a fazer é baixar a cabeça, identificar erros e planejar o segundo semestre. Aos dois, só resta o Campeonato Brasileiro.


Neste contexto, o futuro do Grêmio é bem mais espinhoso. A começar pela tabela, que aponta o Inter na liderança ao lado do Atlético-MG, com 17 pontos, enquanto seus 9 pontos o empurram para o 14° lugar, a um ponto da zona de rebaixamento.

Mas não é este o maior problema a ser destrinchado no Olímpico. É óbvio que, logo ali adiante, o Grêmio estará em situação mais confortável. Mesmo se não contratar nenhum reforço, não correrá risco de rebaixamento. Mas se quiser disputar o título ou voltar ao G-4, algumas medidas precisam ser implementadas. E com urgência. Vamos a elas:

1) Reforços. Ficou claro que, por mais talentoso e consagrado que seja Paulo Autuori, sem jogadores não há como ser campeão de nada. Para ontem, o Grêmio necessita de três, em nível de titularidade: um atacante, um lateral-direito (com a saída de Ruy não há nem titular e nem reserva) e um lateral-esquerdo. Fábio Santos decepcionou nos jogos decisivos. E não se deve descartar a busca de um meia-atacante agudo. O Grêmio só tem meias armadores, com Tcheco e Souza.

2) Investidores
. O Grêmio encontrou um para comprar Souza, no que fez  muito bem. Se o time mostrou-se insuficiente com Souza, imagine sem ele. Mas a falta de dinheiro é uma realidade. Segundo o presidente Duda Kroeff, até alguns pagamentos do condomínio de credores estão atrasados. Sem investidores dispostos a apostar no clube, é impossível enfrentar o mercado.

3) O técnico. Falar em substituição de técnico beira o ridículo no Grêmio. Nem o gênio criador de Rinnus Michels, o holandês inventor da Laranja Mecânica na Copa de 1974, é capaz de montar um esquadrão para conquistar a América com tantos jogadores medianos. Mas é fato: Autuori foi contratado para tirar um pouco mais do time. Mudou o esquema, adiantou Souza e Tcheco, alterou o funcionamento dos laterais. Nada disso revelou-se suficiente, o que frustou a torcida. Fala-se que Autuori não ganhou nenhum jogo na Libertadores. Isto é bobagem: ele enfrentou adversários muito mais difíceis. Celso Roth, o antecessor, e mesmo o interino Marcelo Rospide, comandaram o time contra Boyacá Chicó, Aurora e Universidad. Não dá para comparar. Mas não há como negar que bastará um ou dois resultados ruins ali adiante para Autuori deixar de ser unanimidade.

O Inter, de sua parte, recebeu uma ajudinha do rival. O Grêmio na final da Libertadores colocaria uma pressão imensa nas imediações da Avenida Padre Cacique. No Gre-Nal dos rotos eliminados, o Inter ao menos está na ponta de cima da tabela no Brasileirão. Mas se não examinar os próprios erros, cai no meio do caminho, exatamente como no ano passado. Por alguns motivos:

1) O grupo. As semifinais e a final da Copa do Brasil mostraram que o grupo do Inter não é tão bom como se dizia. Há reservas sem condições de substituir os titulares, casos de Marcelo Cordeiro, Danilo Silva, Glaydson e Leandrão. A direção precisa pensar nisso. Se eles forem chamados em momentos cruciais outra vez, o resultado será o mesmo: derrota.

2) O esquema.
No mínimo, é preciso discutir a conveniência de mantê-lo. O losango de meio-campo com volantes apoiadores pelos lados, um cabeça-de-área à frente da zaga e D'Alessandro adiantado parece esgotado. Os adversários não se surpreendem mais com ele. Faz tempo que o Inter não tem uma atuação convicente neste sistema. Uma alternativa seria o retorno ao quadrado, com dois volantes e dois meias clássicos. Mas que sai para Andrezinho entrar: Sandro ou Magrão? E os laterais, não deveriam avançar um tanto mais? Como se vê, Tite tem ajustes a fazer.

3) A janela de agosto. No ano passado, o Inter perdeu o rumo no Brasileirão a partir da abertura da janela de transferências para o Exterior. Nilmar e Guiñazu perderam o foco. A novela da contratação de D'Alessandro do San Lorenzo arrastou-se demais. Houve um momento no qual o assunto no Beira-Rio era o vai-não-vai de suas estrelas. Não se falava no adversário da próxima rodada. Incorrer no mesmo erro seria falta grave no ano do centenário.

Como se vê, a Dupla Gre-Nal tem trabalho pela frente. E não é pouco.




Leia os textos anteriores da coluna No Ataque.

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