| 28/02/2009 18h58min
Jogar com um outro atacante ao lado, em vez de se virar sozinho na frente, como aconteceu no primeiro tempo em Erechim, representa algo tão importante para Alex Mineiro que basta tocar no assunto e ele começa uma transformação.
Aumenta o tom da voz invariavelmente baixo, às vezes quase inaudível se o interlocutor não estiver próximo do jogador de fala mansa. As respostas, sempre cuidadosas para não revelar os mistérios táticos combinados no vestiário, dão espaço a convicções. E o andamento da conversa acelera porque o assunto entusiasma. Até a lembrança do parceiro ideal não tem mesuras de magoar outros companheiros na longa carreira — o atacante (34 anos no próximo dia 15) já atuou no México e no Japão. Assim, o nome do parceiro de casal 20 sai com firmeza.
— Foi o Kleber Pereira (hoje no Santos). Foram três anos juntos no Atlético-PR (de 2001 a 2003). Nos comunicávamos pelo olhar, o que nos tornava mais rápidos — lembra.
Quando jogava no 3-6-1 do
técnico Celso Roth, Alex concedia
entrevistas um tanto constrangido. Dizia que a solidão não fazia tanta diferença. Que Souza e Tcheco vinham de trás. Que o importante era a chegada em conjunto do homens de meio lá na frente. Que não haveria problema algum, enfim. Respostas de um mineiro tranquilo, que só gosta de criar confusão para os zagueiros inimigos. Hoje, com a adoção dos dois atacantes por parte de Celso Roth, ele pode falar sem receio:
— É muito diferente jogar com o pessoal chegando de trás. Você quase recebe a bola de costas para o gol. Mas um atacante completa o outro.
Os argumentos de Alex Mineiro são variados. Primeiro, as questões de ordem filosófica:
— Com dois, a cobrança é dividida. A responsabilidade de marcar gols diminui. Ao mesmo tempo, a chance de vocês fazer os gols é muito maior.
Depois, as razões táticas:
— Ajuda na movimentação. Se um vai pelo lado, você automaticamente corre para o meio. Você tem um zagueiro a
menos para marcar. Fixando um parceiro, uma conversa do
dia-a-dia pode ajudar na hora de receber a bola mais à frente ou não.
Jonas, novato ao lado de um calejado centroavante, resume numa frase de admiração o que representa para ele ter a chance de ser metade do casal 20 do Grêmio. E não apenas no Gre-Nal deste domingo, mas em ano de Libertadores, competição que imortalizou o casal 20 Paulo Nunes e Jardel no panteão tricolor.
— Tenho mais é que aprender com o Alex — suspira Jonas.
No passado foi assim
Paulo Nunes e Jardel formaram o casal 20 típico no Grêmio, ao menos no passado recente. Dos 29 gols marcados no título da Copa Libertadores da América de 1995, Jardel fez 12 e, Paulo Nunes, cinco. Nas finais, a dupla brilhou ainda mais. Na primeiro partida contra o Nacional, da Colômbia, Jardel e Paulo marcaram no 3 a 1. O jogo foi no Olímpico. A taça veio no 1 a 1 em Medellín. Tudo dava certo para esta dupla, que até hoje embala os sonhos da torcida do
Grêmio, ainda mais em domingo de Gre-Nal. Os dois fizeram
muitos gols em clássicos. Paulo Nunes e Jardel eram também os jogadores de maior empatia com a torcida naquele time de Luiz Felipe Scolari, numa adoração da torcida que beirava a histeria.
Bons companheiros
Kléber Pereira explodiu no cenário nacional ao lado de Alex Mineiro no Atlético-PR. Foi campeão estadual em 2000, 2001 e 2002. Mas o auge desta fase veio com o título do Campeonato Brasileiro de 2001, quando formou dupla de ataque com Alex. A parceria o ajudou a tornar-se o terceiro maior artilheiro da história do Atlético-PR, com 124 gols. Depois de uma temporada no México, voltou ao Santos. Como Alex Mineiro, tem 33 anos.
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