Mais de 20 mil pessoas participam, a partir das 16h30min desta quarta-feira, nas ruas de São Paulo, da 84ª edição da corrida de São Silvestre. Mais que a disputa por pódio, a prova marcará a despedida de Vanderlei Cordeiro de Lima da elite das competições internacionais.

Medalha de bronze nas Olimpíadas de Atenas (2004) e dono de dois ouros pan-americanos, o atleta de 39 anos foi muito elogiado pelos brasileiros e viveu uma terça-feira de ídolo entre seus companheiros de pistas.

– O Vanderlei é um ídolo para todos nós. Eu não sou muito de pedir autógrafos ou fotos, mas me lembro que comentei com meu técnico que era muito fã dele e queria tirar uma foto. Levei três anos para fazer isso. Acho que ele tem de continuar no esporte, mesmo como amador, pois são eles que fazem a festa. Será um incentivo para todos nós. Quando não for mais da elite, quero sair no meio do povão – comenta Marily dos Santos, uma das principais brasileiras na briga pelo pódio feminino da prova paulistana, que foi apresentada oficialmente nesta terça.

Franck Caldeira, principal esperança do país para vencer a prova deste ano, deixou os elogios de lado e preferiu fazer um pedido.

– Eu nunca pedi nada ao Vanderlei, mas queria a camiseta dele para guardar. É a única coisa que eu levaria para o clube (Cruzeiro) e ninguém iria reclamar – brinca o mineiro, vencedor da São Silvestre em 2006.

As dores na região do púbis forçaram a aposentadoria de Vanderlei Cordeiro de Lima, mas a São Silvestre 2008 não será a última corrida da vida do paranaense. Dono de uma forma física invejável para seus 40 anos, o atleta promete seguir competindo como amador e inclusive garante participação em edições futuras da tradicional corrida pelas ruas de São Paulo.

– A partir do dia 1º de janeiro, eu serei um amador. E espero competir ainda mais umas 50 São Silvestres – comentou o medalhista de bronze da maratona olímpica em Atenas-2004. – Minha vida é a corrida e não vou conseguir ficar longe deste meio – reconhece o ex-bóia fria.

Quenianos são os principais adversários

Não é nenhuma surpresa que os corredores do Quênia partirão para a disputa da 84ª Corrida Internacional de São Silvestre como postulantes ao pódio e à vitória. Mesmo assim, cinco atletas do grupo de elite da prova fizeram questão de deixar o favoritismo de lado na hora de comentar a expectativa para a edição 2008 da tradicional prova de rua.

– Acho que todos os corredores da elite são fortes e não me considero favorito – simplificou Nicholas Koech, vencedor da Volta da Pampulha e da 10k Rio deste ano, acompanhado pelo compatriota Evans Cheruiyot, campeão da Maratona de Chicago e estreante na São Silvestre.

– Vim porque fui convidado e espero fazer o meu melhor. Gosto muito do Brasil e estou feliz apenas por estar aqui – comentou o queniano, que não tem qualquer parentesco com Robert Cheruiyot, tricampeão da prova e que não participará da São Silvestre de 2008.

Vice-campeão da Maratona de Berlim, James Kipsang espera apenas encerrar bem a temporada.

– Comecei a me preparar em novembro e espero fechar o ano bem com um resultado bom na São Silvestre.

Depois de carregar o rótulo de favorito e deixar a desejar em 2007, Kiprono Mutai prometeu uma história diferente neste 31 de dezembro.

– Estava muito quente, mas este ano será diferente. Estou bem preparado para a prova – garantiu.

Prova feminina

Bicampeã da Volta da Pampulha, a queniana Nancy Kipron passou a ser uma das principais favoritas ao título da São Silvestre entre as mulheres. No último treinamento antes da prova, realizado na manhã desta terça-feira, no Parque do Ibirapuera, a atleta assumiu a condição e avisou que espera, no mínimo, subir ao pódio.

– Depois das minhas ultimas performances, espero fazer uma boa prova, talvez vencendo e possivelmente no pódio. Vou dar o meu melhor – afirmou a atleta em um inglês arrastado. – Nos último três meses, fiz um grande trabalho e tive um bom desempenho nos treinos e competições – diz a queniana, confiante.

Atual campeã da São Silvestre, a queniana Alice Timbilili está fora da corrida desta temporada. Assim como sua compatriota Pamela Chepchumba, uma das atletas apontadas como favorita antes da prova. Para completar, a brasileira Lucélia Peres, campeã em 2006, anunciou sua desistência na última segunda-feira.

Uma das maiores esperanças brasileiras na prova feminina da Corrida de São Silvestre, Maria Zeferina Baldaia esbanjou confiança para a quarta-feira. Vencedora da edição de 2001, ela acredita que suas compatriotas evoluíram a ponto de dar trabalho às estrelas africanas.

– Melhoramos muito nos últimos anos e estamos correndo de igual para igual com as quenianas. Mas por mais preparadas que estejamos, tudo pode acontecer. Vamos nos unir, e cada uma vai fazer seu melhor para colocar o país no pódio – afirmou Baldaia.