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 | 29/09/2008 03h22min

O sonho colorado e o pesadelo gremista

Inter goleou o Grêmio por 4x1

David Coimbra

O Inter realizou todos os seus sonhos mais caros, ao vencer o Gre-Nal por 4 a 1, ontem à noite, no Beira-Rio: derrotou por goleada um time que ainda não havia levado mais de dois gols num só jogo neste campeonato, subiu três posições na tabela de classificação e desalojou o Grêmio de uma liderança que era sustentada desde julho. O Grêmio foi tão cabalmente batido que já aos 4 minutos do segundo tempo a torcida colorada gritava olé nas arquibancadas, enquanto, no campo, o time tocava a bola por um minuto e meio.

Foram muitos os méritos do Inter na vitória. Todos eles vitaminados pelo conjunto de decisões equivocadas do técnico gremista, Celso Roth. O primeiro erro do treinador foi cometido na escalação. O Grêmio entrou em campo com dois jogadores recuperando-se de lesão: o zagueiro Pereira e o atacante Perea. Por conta disso, Roth destruiu seu próprio sistema defensivo tendo que substituir Pereira aos 10 minutos do primeiro tempo, que saiu de campo mancando

— Não vai dar — suspirou.

Mais tarde, no intervalo, o técnico acabou por desmontar seu ataque, sacando Perea para colocar o volante William Magrão e mantendo no time o inoperante Marcel.

Um adversário menos competente talvez não se aproveitasse de todas essas más escolhas do treinador, mas o Inter estava atento e concentrado como jamais se viu neste campeonato. Seus melhores talentos funcionaram com mestria, não desperdiçando chances de amassar o rival. Isso que o Grêmio começou atuando com agressividade, marcando no campo do adversário, no estilo que lhe elevou à liderança do Brasileirão. Perea caía pelo lado esquerdo, tentando explorar uma suposta fragilidade de marcação de Ângelo. Só que Ângelo não foi frágil na marcação. Jogou com seriedade e, mesmo que não tivesse brilho, não comprometeu.

Aos 4 minutos, um dos tais talentos do Inter luziu. Alex cobrou falta da intermediária, pelo lado esquerdo, a zaga rebateu e D´Alessandro apanhou o rebote: chutou forte, à meia-altura, fora do alcance de Victor: 1 a 0. O Grêmio não diminuiu o ímpeto. Aos 5, Edinho errou e, ante à pressão dos atacantes do Grêmio dentro da área, Índio corrigiu com dificuldade. Aos 9, Tcheco cobrou falta da direita, Perea cabeceou para o meio da área e Orteman testou a bola no travessão. No rebote, Léo perdeu o gol de dentro da pequena área. Um minuto depois, Pereira saiu para Jean entrar. A defesa do Grêmio desarrumou-se em definitivo. Ainda assim, aos 18, Tcheco apanhou a bola no campo defensivo, pela esquerda, avançou a passadas largas, driblou Guiñazu e, da intermediária, chutou no canto direito de Clemer: 1 a 1.

Depois do empate, aos poucos, o Inter foi reequilibrando o jogo. Aos 28 minutos, o time deu provas concretas da sua absoluta concentração no clássico. Anderson Pico havia tocado com o antebraço na bola no lado esquerdo da defesa, quase no escanteio. Enquanto a defesa do Grêmio formava a barreira, Guiñazu passou para Alex, que entrou na área e chutou forte. A bola passou entre as pernas de Victor.

Aos 40, a desnorteada zaga do Grêmio falhou de novo. D´Alessandro bateu escanteio da direita e Índio entrou à altura da primeira trave, cercado de adversários, para cabecear para dentro do gol. O golpe fatal aconteceu seis minutos depois: D´Alessandro levantou a bola da direita, Nilmar penetrou por trás da zaga e cabeceou para baixo: placar fechado. Para arrematar os dissabores da torcida gremista, Tcheco e Edinho se envolveram numa confusão e foram expulsos. Justamente Tcheco, o melhor do Grêmio; justamente Edinho, o pior do Inter.

No segundo tempo, os erros originais de Roth terminaram por enterrar as mínimas possibilidades do Grêmio. O técnico já tinha aniquilado sua defesa, agora destroçou seu ataque. Marcel não conseguia jogar, como vem acontecendo há várias rodadas. Mas Perea vinha de lesão: Roth tirou-o do time e pôs em seu lugar William Magrão. E o segundo tempo foi todo assim: o Grêmio não tinha forças para atacar; o Inter não queria. O Inter trocava passes, ao Grêmio não restava sequer indignação.

Indignada ficou a torcida, que brigou na arquibancada e saiu do Beira-Rio furiosa, extravasando sua ira quadras adiante, no Estádio Olímpico, para onde até a polícia foi chamada. Combalido por quatro rodadas sem vitória, o Grêmio terá dois jogos no Olímpico para tentar a reabilitação e voltar à liderança. Inflamado por quatro rodadas com vitória, o Inter jogará duas partidas fora de casa, na esperança de alcançar a classificação à Libertadores. É a velha história de sempre, o eterno sobe-e-desce que já dura 99 anos, a própria história do clássico Gre-Nal.

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