| 23/08/2008 17h20min
“Um filme passará na minha cabeça”, emociona-se Pereira ao falar do jogo contra o Náutico, às 18h10min deste domingo, nos Aflitos. Junto com Marcelo Grohe, que ficará no banco, o zagueiro estava nesse mesmo estádio, em 26 de novembro de 2005, quando o Grêmio voltou à Série A.
Pereira não foi ao Aflitos depois daquela tarde de sábado. Em 2006, não houve confronto entre os dois times, porque o Náutico ficou mais um ano na Série B. Em 2007, o ausente era o zagueiro, então reserva de William.
Confira a escalação do Grêmio para a partida deste domingo:
Por isso, o reencontro será emocionante. Do jogo, a lembrança mais
forte é a das cenas que sucederam ao apito final do árbitro Djalma Beltrami.
– Na hora, caí no chão, ajoelhado, chorando. Nunca mais haverá nada sequer parecido – acredita.
É possível que a identificação do zagueiro com a torcida venha daquele jogo, considerado por muitos gremistas mais importante do que a conquista do Mundial, em 1983. O paulista Fábio Pereira da Cruz, 29 anos feitos em julho, parece ter nascido e se criado dentro do Olímpico. É, de longe, o jogador mais popular e mais admirado do time.
Seu nome é sempre um dos mais aplaudidos no anúcio da escalação do Grêmio. Quase ninguém lembra que Pereira habitou uma lista de dispensas em janeiro. Após os treinos, crianças e adolescentes se esganiçam pedindo que ele se aproxime para tirar fotos. O zagueiro deixa o gramado suplementar e sobe na tela de proteção para ficar próximo aos torcedores. É um dos últimos sair.
– É o meu jeito. Não falo mal de ninguém, procuro ajudar
todo mundo, brinco quando tenho que brincar,
falo sério e cobro quando é preciso – resume Pereirão, como é chamado por todos, do porteiro do vestiário ao presidente Paulo Odone.
É com este jeito que Pereira orienta os mais jovens sobre a necessidade de que a seriedade seja mantida. Seu discurso afina com o do técnico Celso Roth.
– É preciso ter os pés no chão. O campeonato é muito traiçoeiro, não permite empolgação. Se o time ficar duas ou três rodadas sem pontuar, já vai lá para baixo – alerta.
Com dois títulos gaúchos – 2006 e 2007 – e o da Série B, Pereira diz que sua obra estará completa no Grêmio se conquistar o do Brasileirão, em dezembro. Até lá, sua missão, como a dos outros jogadores, será a de trabalhar para que o time deixe de ser visto como uma zebra. Como aconteceu no meio da semana, no Rio.
– Até é bom que desconfiem de nós. Serve fator motivacional. No final do campeonato, de um jeito ou de outro, terão que nos reconhecer – diz o zagueiro que encanta a
torcida.
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