| 08/08/2008 07h44min
A Ossétia do Sul, palco de confrontos entre tropas separatistas e georgianas nesta sexta-feira, é um território no sul do Cáucaso que oficialmente faz parte da Geórgia e se limita ao norte com a Ossétia do Norte, república pertencente à Federação Russa. A região, cuja capital é Tskhinvali, tem extensão de 3,9 mil quilômetros quadrados e uma população de 82 mil habitantes, dos quais 58 mil são ossetas e 22 mil, georgianos. O líder da Ossétia do Sul é, desde 6 de dezembro de 2001, Eduard Kokoiti.
O nome geográfico Ossétia do Sul (ou Alta Ossétia) apareceu pela primeira vez na literatura militar russa do século 19. Referia-se, na ocasião, às zonas montanhosas de regiões históricas georgianas. A origem do conflito entre Geórgia e Ossétia do Sul data de 1922, quando Josef Stalin transformou a hoje região separatista em Região Autônoma da República Socialista Soviética da Geórgia, e acrescentou à área a planície adjacente, incluindo a cidade de Tskhinvali, habitada principalmente por
georgianos.
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Em 10 de novembro de 1989, o Congresso de Deputados Populares da região proclamou sua conversão em República Autônoma (dentro da Geórgia), decisão que o parlamento georgiano declarou inconstitucional. No ano seguinte, em 20 de setembro, os deputados locais proclamaram a soberania e a criação da República da Ossétia do Sul. Em resposta, o parlamento da Geórgia aboliu a autonomia da Ossétia do Sul em 10 de dezembro de 1990. Um dia depois, tiveram início os enfrentamentos armados, quando morreram três pessoas. Pouco depois, a Geórgia impôs estado de exceção na região.
No início de janeiro de
1991, destacamentos tentaram entrar em Tskhinvali para enfrentar milícias ossetas, o que
deu início a uma guerra que em dois anos deixou cerca de 2 mil mortos e provocou o êxodo de 4 mil pessoas. Os separatistas proclamaram então seu propósito de unir-se à Ossétia do Norte e, portanto, à Rússia.
Em 19 de janeiro de 1992, a maioria dos habitantes da Ossétia do Sul votou a favor de sua incorporação à Rússia. A partir de então, começaram a receber ajuda a partir do norte, sobretudo de combatentes. Ainda em 1992, as forças georgianas, reforçadas com carros de combate e artilharia das tropas da extinta URSS, cercaram e bombardearam a cidade, assumindo o controle de regiões próximas. As hostilidades terminaram após a assinatura, em Dagomis (balneário russo no Mar Negro), de um acordo entre Rússia e Geórgia, pelo qual a partir de 14 de julho de 1992 seriam desdobradas forças de paz na região. A presença de tais forças não impediu que o regime separatista formasse forças armadas equiparáveis às da Geórgia.
As autoridades da Ossétia do Sul convocaram para 2006 um
plebiscito de
independência. Tbilisi não reconheceu a validade da consulta popular, embora 99% da população local tenha votado a favor da independência. Duas semanas depois de Kosovo ter declarado de forma unilateral sua independência, o parlamento da Ossétia do Sul pediu à ONU, à União Européia (UE), à pós-soviética Comunidade dos Estados Independentes (CEI) e à Rússia que reconhecessem sua independência.
Kokoiti foi eleito presidente da autoproclamada república, nunca reconhecida pela comunidade internacional, em 6 de dezembro de 2001, com 53% dos votos. O líder foi reeleito em novembro de 2006, em consulta que coincidiu com a realização do plebiscito de independência, com mais de 96% dos votos.
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