| 06/08/2008 17h53min
O fundista López Lomong será o porta-bandeira dos Estados Unidos na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, na sexta-feira. De origem sudanesa, ele se tornou cidadão norte-americano há apenas 13 meses, após fugir da guerra em seu país.
— É mais do que um sonho realizado. Ainda não tenho certeza se é verdade. Serei o primeiro cara a entrar no estádio, com o mundo inteiro me assistindo carregar a bandeira. Não há palavras para descrever o que estou sentindo — comentou.
Lomong foi separado de seus pais aos seis anos de idade. Com a ajuda de amigos, conseguiu fugir da guerra em seu país natal para um campo de refugiados no Quênia. Em 2001, chegou aos EUA por intermédio de um programa assistencial e foi adotado por uma família de Nova York.
Até as Olimpíadas de 2000, em Sydney, Lomong não sabia nada sobre a existência dos Jogos Olímpicos. Ele percorreu cerca de 10 quilômetros para assistir em uma televisão sem cores à vitória de Michael Johnson nos 400 metros rasos.
— Hoje, estou à frente do time dos Estados Unidos. Na América, todos têm a oportunidade de fazer essas coisas. Se seguir as regras, as pessoas te escolherão — discursou.
Além de López Lomong, os outros dois competidores norte-americanos na prova de 1.500 metros nos Jogos de Pequim nasceram em outros países. Bernard Lagat é do Quênia e Leo Manzado, do México.
A escolha de López Lomong, no entanto, tem conotação política. A China negou o visto de entrada no país ao patinador norte-americano Joey Cheek, medalha de ouro nos Jogos de Inverno de 2006, e que pretendia assistir à competição. Ele é fundador do Time Darfur, um grupo de atletas que realiza campanhas contra a guerra civil do Sudão. Em retaliação, os EUA escolheram um sudanês como porta-bandeira.
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