| 26/07/2008 19h30min
Pode-se dizer que a mais reluzente contratação do futebol gaúcho dos últimos tempos não é apenas um argentino. Andrés D'Alessandro, 27 anos, é a própria encarnação da alma argentina. Se fosse protagonista de filme, a trilha sonora seria um tango arrebatado. El Cabezón é temperamental, emotivo, sem esquivas. "Um hombre frontal", como dizem os hermanos sobre o meia contratado pelo Inter junto ao San Lorenzo.
Também pelo temperamento quente, e não apenas pela canhota engenhosa, D'Alessandro foi comparado a Maradona quando ergueu a taça de campeão mundial sub-20 em 2001. Tudo bem que, na Argentina, todo meia jovem driblador de perna esquerda é logo associado a Maradona, figura mítica capaz de rivalizar com
Evita Perón, a Mafalda dos quadrinhos de Quino,
Carlos Gardel ou Che Guevara. É algo que transcende o futebol. E isso aconteceu com D'Alessandro.
Alguns episódios na carreira mostram sua personalidade forte. Herdou a braçadeira de Leonardo Astrada, que fracassou no Grêmio, mas no Monumental de Nuñez é semideus, espécie de Dunga da Seleção Brasileira de 1994. Sucedê-lo aos 22 anos é prova inequívoca de que o Inter não contratou um sujeito sem opinião.
— Foi este gênio que lhe trouxe problemas no Zaragoza, onde brigou com o técnico e até com o Pablo Aimar, seu amigo — diz Diego Santonovich, repórter que cobre o dia-a-dia do San Lorenzo para o Diário Ole.
— Ele pareceu mais maduro neste retorno à Argentina, mas sabe provocar — comenta o jornalista.
O episódio mais notório foi o desentendimento com Victor Fernández, técnico do Zaragoza, em 2006. Irritado com o trabalho realizado apenas com os titulares, à certa altura D'Alessandro caminhou em direção ao treinador. Queria saber
quando todos treinariam juntos. Foi expulso na
hora. Até hoje, D'Alessandro culpa Fernández por sua passagem obscura pela Espanha.
— Para o chuveiro — teria dito o técnico durante a discussão.
— Se você quiser a gente pode conversar aqui mesmo — respondeu D'Alessandro.
Na semana anterior, quase brigara com o amigo Pablo Aimar. A TV espanhola mostrou. Diego Milito, também argentino, o segurou e evitou o pior.
— Ah, ele é temperamental mesmo. Mas é um baita profissional. Só aceitou se reunir conosco no fim da tarde da última segunda-feira depois de treinar abaixo de chuva no San Lorenzo — conta o assessor da presidência Fernando Carvalho.
— Me serve este lado temperamental dele — completa o ex-presidente.
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