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 | 05/05/2008 05h32min

Ruy Carlos Ostermann: O exagero da decisão

Foi preciso recorrer aos arquivos de uma decisão do Inter contra o Bagé, nos Eucaliptos, ao tempo em que existia o campeonato municipal e logo o estadual confrontando o campeão de Porto Alegre com o do Interior, foi 6 a 0 no jogo, 3 a 0 na prorrogação, para se encontrar um escore que se parecesse com o de ontem no Beira-Rio. Quarenta e quatro anos atrás, nem todos eram nascidos, a maior dos sobreviventes era criança, muito gente nem se lembrava mais. Aí está uma das tantas formas de compreender o exagero da decisão entre Inter x Juventude. E depois de tudo o que se disse sobre a divergência mal resolvida do Inter com o Juventude.

Ontem tudo foi desfeito e pela forma do exagero ou então do escore esdrúxulo, que foi a expressão que usei na rádio e muitos vieram me perguntar o que era mesmo esdrúxulo.

Tudo aconteceu na decisão. E tudo começava pela vitória de último minuto do Juventude no Alfredo Jaconi sem que se pudesse, afora o caráter terminal do gol de Maycon, suscitar de qualquer surpresa. Era do jogo e assim foi. Sem lembrar das duas derrotas do Inter para o Juventude da primeira fase do Gauchão. E a inexistência de gols colorados. E até o mais incrédulo observador poderia admitir tudo, menos uma goleada de 8 a 1.

Até o gol de Danny Morais, de cabeça, em bola parada que foi a primeira contribuição generosa de Alex, o jogo estava razoavelmente equilibrado. O time de Abel tinha mais iniciativas, mas o de Zetti respondia com velocidade e, se não chegava à conclusão de suas iniciativas, tinha o jogo sob controle. E repartiam as possibilidades.

Os gols podem ser devastadores além de serem naturalmente parte decisiva da construção de uma vitória. Os do Inter foram todos, em seqüência, e quatro foram de cabeça. Evidenciava-se uma velha e confiável virtude do time e se esclarecia o grande prejuízo com a ausência de Márcio Alemão, suspenso pelo terceiro cartão. Ele saberia cabecear e tirar a frente de Fernandão, por exemplo. Mas fosse só isso, Zetti teria o direito de lamentar a sua ausência. Mas não foi. Numa avalanche é impossível verificar responsabilidades pessoais.

Há nessa fantástica decisão muitos elementos desprendidos dos jogos passados, da discussão na imprensa, da formação de um imaginário que remetia o Juventude sempre acima do Inter, provocativamente. Ter sido o algoz do Grêmio só ajudava a aumentar o espectro do time de Zetti. Sob muitas formas jogou-se tudo isso ontem no Beira-Rio. Mas, mesmo assim, só uma combinação irresistível de fatos (gols) em seqüência teria força para desmanchar o adversário.

E, claro, a capacidade irresistível do Inter em destruir o adversário com quatro gols no primeiro tempo e mais quatro no segundo. E como o gol do Juventude foi gol contra de Índio, para fins de conferência das desigualdade todas, deve-se creditá-lo ainda ao Inter e, como dizia Antônio Carlos Resende, belíssimo narrador e escritor, nada mais do que um auto-gol.

Conseqüências
A arrasadora decisão do Gauchão com sua insuportável goleada vai determinar mudanças no Juventude, que já estão sendo anunciadas para o dia de hoje. Foi uma tarde de exceção e afirmações brilhantes como Guiñazu, Fernandão, Alex, Nilmar, Magrão e Marcão, quase todo o time, e um afundamento do Juventude. Os dirigentes precisam ter cautela apesar do infortúnio. Nenhum time volta para casa como voltou ontem o Juventude. É insuportável a vizinhança, e a falta de perspectiva pode estar cegando a observação geral. A verdade é que 8 a 1 nenhum clube pode admitir, nenhum torcedor pode desculpar.

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