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 | 05/03/2008 01h05min

Correa: "Se houvesse equatorianos mortos, já estaríamos em guerra"

Presidente do Equador desembarcou em Brasília para reunião com Lula nesta quarta-feira

O presidente do Equador, Rafael Correa, disse que se algum equatoriano tivesse morrido no ataque colombiano às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) no qual morreu o guerrilheiro "Raúl Reyes", os dois países "já estariam em guerra".

Em entrevista coletiva na noite desta terça-feira em sua chegada a Brasília, onde se reunirá hoje com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Correa assegurou que se daria por satisfeito somente com uma "rejeição categórica" da Organização de Estados Americanos (OEA) à incursão colombiana em solo equatoriano, mas esclareceu que mesmo assim as relações com a Colômbia continuarão rompidas.



O presidente equatoriano indicou que as relações com seu vizinho se restabelecerão apenas em caso de o presidente colombiano, Álvaro Uribe, "pedir desculpas claras", se comprometer a "não repetir estas ações" e reconhecer a "cantinflada" (trapalhada) de tentar relacionar o Equador com as Farc.

Correa insistiu em que seu país foi "agredido" de uma forma "canalha", e que a operação em que morreram Reyes e outros 20 guerrilheiros "não foi uma perseguição imediata, mas um massacre cuidadosamente planejado". Afirmou que Uribe mentiu para ele quando lhe ligou para informar sobre a operação, e sustentou que foram usadas no ataque "bombas teleguiadas" que, em sua opinião, a Colômbia não possui e que pertenciam a "uma potência que todos sabem qual é", em clara alusão aos Estados Unidos.


Correa disse que Uribe "não quer a paz, mas a guerra". Além disso, afirmou que o presidente colombiano tem "as mãos manchadas de sangue", "é um perigo para a região" e sabia que o Equador negociava a libertação de 12 reféns das Farc, incluindo a franco-colombiana Ingrid Betancourt. O governante equatoriano opinou que a hipótese mais provável é que Uribe tenha matado Reyes "buscando a reeleição, mas esse tiro saiu pela culatra".

Correa disse várias vezes que seu país está "buscando uma solução pacífica" e que quer que "a OEA se pronuncie categoricamente rejeitando a agressão", além de pedir "que haja uma condenação da comunidade internacional e que se envie uma comissão investigadora".

Assegurou que, desde que está no poder, o Equador desmantelou mais de 40 acampamentos da guerrilha colombiana instalados em seu território, mas sustentou que o problema é que o país vizinho não defende sua fronteira sul.

— Nossos limites são com as Farc, não com a Colômbia — declarou Correa, que acrescentou que se o governo Uribe protegesse sua fronteira, o Equador economizaria milhões de dólares em despesas de segurança.

O presidente afirmou que o Equador "é um país pequeno, mas digno", e que não aceitará "ultrajes de governos que não sabem o que é a decência". Correa chegou a Brasília procedente de Lima, a primeira escala de uma viagem que iniciou ontem para discutir a crise em vários países latino-americanos.

O presidente do Equador viajará nesta quarta-feira a Caracas, onde se reunirá com os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, que faz visita oficial à capital venezuelana.

EFE
 
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