Um decreto assinado pela Delegação Sanitária Federal da Argentina determinou que as unidades sanitárias recomendem e orientem a vacinação contra a febre amarela dos brasileiros que desejem ingressar no país.

O rigor da cobrança deverá variar, mas a orientação geral é de que ninguém seja mandado de volta por não ter a vacina.

Em Alba Posse, cidade argentina na fronteira com a brasileira Porto Mauá, no posto aduaneiro do lado brasileiro os policiais recomendam que as pessoas só passem pela polícia argentina com a carteira comprovando a vacina.

No início da semana, 15 pessoas que estavam viajando para a Argentina se imunizaram. Restavam 50 doses.

De acordo com o secretário municipal da Saúde, Antonio Luis Zaltron, o turista deve procurar pela vacina no seu município de origem para não correr o risco de chegar na fronteira e ficar sem a dose.

Na fronteira de Uruguaiana com Paso de los Libres, a cobrança é mais amena. Segundo o inspetor sanitário da unidade de saúde de Paso de los Libres, Horácio Sena, não é possível impedir a passagem de ninguém pela falta de vacina.

— Estamos apenas orientando, tanto quem entra para a Argentina como os próprios argentinos que vão passar férias no Brasil, para que façam a vacina — diz o inspetor.

A orientação tem causado problemas. No posto de saúde de Itaqui, Raquel Arraes, 39 anos, acompanhada do filho e do marido, aguardou mais de três horas na fila para fazer a imunização, mas as doses terminaram quando faltava pouca gente para ser vacinada. O sentimento é de revolta:

— Vamos viajar para o Uruguai e queríamos ir vacinados. Agora vamos assim mesmo. O problema foi o tempo perdido.

Vários municípios, incluindo alguns de área de risco, já estão sem doses da vacina contra a febre amarela. Um dos motivos é o grande número de pessoas que têm buscado a imunização, segundo o diretor do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, Francisco Paz. Segundo ele, não há motivo para pânico.

— Falta vacina porque quem não precisa vai lá e toma. As pessoas precisam se conscientizar que só deve tomar a vacina quem está em área de risco ou vai viajar para uma — explica Paz, reiterando que as áreas de fronteira deverão receber maior quantidade de doses.

Fique atento
Onde faltam doses da vacina: 
— 31 municípios da região norte e nordeste estão sem a vacina. Apenas Erechim tem 150 doses, que foram entregues esta semana para a Secretaria Municipal de Saúde
— Em Cruz Alta, o estoque acabou na quarta-feira. A previsão é de que seja reposto nesta terça-feira. No Centro Municipal de Saúde, a vacinação ocorre somente nas quintas-feiras. As doses acabaram na semana passada. Devem chegar mais 200 nesta semana
— Em Pelotas, até segunda-feira, o Centro de Especialidades estava com falta de doses. A previsão é de que hoje cheguem 400 unidades
— Na Fronteira Oeste, falta vacina em Uruguaiana, São Borja, Alegrete e Quaraí