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 | 28/01/2008 16h29min

Proposta de cerco às Farc de Uribe é criticada

Analistas e parentes de reféns entendem que medida seria "sentença de morte"

Parentes de reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) classificaram como uma "sentença de morte" a proposta do presidente colombiano Álvaro Uribe dos militares localizarem e cercarem os locais onde eles podem estar sendo mantidos. O governo da França também se posicionou contra a proposta.

— Oponho-me fortemente a esse cerco militar porque é morte. Temos certeza de que os guerrilheiros têm ordem de matar se forem pressionados de alguma maneira e isso pode ser um motivo para que ameacem a vida de nossos entes queridos — disse em entrevista Edna Margarita Sánchez Rivas, irmã do tenente do exército Elkin Hernández Rivas, detido pela guerrilha desde 14 de outubro de 1998.

No sábado, durante um conselho comunitário — reunião de ministros e autoridades locais —, no departamento de Vaupés, no sudeste colombiano, Uribe afirmou que "o governo deu instrução à força pública para localizar os locais onde estão os seqüestrados, cercá-los e, no momento em que estejam cercados, convocar a comunidade nacional e internacional para definir um procedimento humanitário para a liberação total dos seqüestrados" em troca de rebeldes presos. Alejo Vargas, analista político e professor da Universidade Nacional, disse que a proposta não é factível e que seu objetivo é criar polêmica.

— Uma coisa é uma proposta para um público num conselho comunitário e outra é sua viabilidade em termos de ordem estratégica e operacional — afirmou, explicando que uma operação militar desse tipo é complicada devido ao terreno em que os agentes teriam que avançar. — Estamos falando, no caso, da selva colombiana, uma selva impenetrável, daí a possibilidade de cerco ser muito difícil. Se ele chegasse a ocorrer, o mais provável é que desembocasse num confronto — acrescentou.

O cerco militar "parece uma idéia descabida", disse a uma rádio o ex-presidente Ernesto Samper (1994-1998).

— A proposta me parece muito perigosa. Se for concretizada, teríamos os efeitos psicológicos na guerrilha, de uma assédio militar sem os eventuais benefícios de um resgate — falou, referindo-se ao fato de que se os rebeldes fossem militarmente pressionados, poderiam contra-atacar, o que colocaria em risco a vida dos reféns civis e militares.

Agência Estado
 
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