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 | 05/01/2008 01h37min

Farc admitem que Emmanuel não está em poder da guerrilha

Grupo esquerdista afirma que menino está em Bogotá "seqüestrado" por Uribe

Atualizada às 18h05min

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) reconheceram nesta sexta-feira que Emmanuel, filho da ex-candidata a vice-presidente colombiana Clara Rojas, não está mais em poder da guerrilha.

Em comunicado publicado pela Agência Bolivariana de Imprensa, as Farc afirmaram que o menino de três anos está em Bogotá "seqüestrado" pelo presidente colombiano, Álvaro Uribe.

A guerrilha informou que Emmanuel foi entregue na capital da Colômbia a "pessoas honradas enquanto o acordo humanitário estava sendo assinado".

O comunicado, assinado pelo Secretariado do Estado-Maior Central das Farc e datado de 2 de janeiro de 2008, indica que "Emmanuel não podia estar no meio das operações bélicas do Plano Patriota, dos bombardeios e dos combates, da movimentação permanente e das imprevisibilidades da floresta".

Os resultados dos exames de DNA realizados pela Justiça colombiana indicaram nesta sexta-feira uma "alta probabilidade" de que a criança que o presidente colombiano, Álvaro Uribe, indicava ser o filho de Clara Rojas realmente seja Emmanuel.

Menino é filho que seqüestrada teve com membro da guerrilha

O procurador-geral colombiano, Mario Iguarán, revelou que os exames realizados em familiares de Rojas e em um menor de idade que está sob proteção do Estado estabeleceram que o menino pode ser mesmo o filho que a ex-candidata a vice-presidente teve com um membro da guerrilha.

Clara Rojas foi seqüestrada em fevereiro de 2002 pelas Farc, com sua companheira de chapa, a ex-candidata à Presidência colombiana Ingrid Betancourt, que também tem nacionalidade francesa. No dia 18 de dezembro, as Farc anunciaram que libertariam Clara Rojas, seu filho e a ex-congressista Consuelo González de Perdomo, seqüestrada em 2001, sob a observação de uma comissão internacional proposta pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

Mas no último dia de 2007 o grupo insurgente argumentou que havia "intensas operações militares" na zona em que entregariam os reféns, e o presidente Uribe lançou a hipótese de que a guerrilha não libertava os três porque não estava com Emmanuel. O presidente Uribe disse que uma criança entregue em 2005 em precárias condições de saúde ao Instituto Colombiano de Bem-estar Familiar (ICBF) no departamento de Guaviare (sudeste), identificada como Juan David Gómez Tapiero, poderia ser o filho da seqüestrada. Imediatamente cientistas colombianos viajaram para Caracas para recolher amostras de DNA de Clara González de Rojas, mãe da ex-candidata, e do irmão da seqüestrada Ivan, que aguardavam pela libertação na Venezuela.

— Há uma alta probabilidade de que Juan David pertença à família de dona Clara González de Rojas — afirmou Iguarán.

Chávez diz que confirmação de teste deixaria guerrilha "mal perante o mundo"

Ele acrescentou que a "conclusão dos cientistas é de que há maior probabilidade de o menino Juan David ser o filho de Clara Rojas que não ser". A divulgação do resultado mantinha um clima de indecisão no país. O presidente da Venezuela colocou a hipótese de Uribe em dúvida, mas aguardava o resultado. Chávez afirmou que, caso fosse comprovado que os rebeldes não estão com Emmanuel, "a guerrilha ficaria muito mal perante o mundo porque seria uma forte evidência de uma mentira, de uma manipulação". Uma vez divulgado o resultado dos testes, o governo colombiano, por meio do alto comissário para a Paz, Luis Carlos Restrepo, reivindicou das Farc a libertação imediata de Clara Rojas e de Consuelo González.

— Esperamos que o façam com a maior rapidez. Fica absolutamente claro que o compromisso das Farc deve ser cumprido e imediatamente — afirmou Restrepo.

Manuel Paredes, diretor do Instituto de Medicina Legal, explicou que há "uma coincidência absoluta" nas amostras de DNA do menino Gómez Tapiero e dos parentes de Clara Rojas. Mas disse ser necessário fazer uma análise especializada por parte de um laboratório europeu, e, por isso, funcionários colombianos viajarão imediatamente à Espanha para "obter mais evidência, para gerar um valor de certeza superior a 99%".

Ángel Carracedo, diretor do Instituto de Medicina Legal da Universidade de Santiago de Compostela, confirmou que a instituição foi contatada para realizar as análises:

— Gostaríamos muito de contribuir para este trabalho. O que faremos aqui é uma perícia mais especializada.

Já Ivan Rojas, irmão de Clara Rojas, afirmou após ter as provas de DNA recolhidas estar "seguro" de que o menino é seu sobrinho Emmanuel. A avó do menino, também chamada Clara, anunciou que vai pedir a guarda de Emmanuel.

EFE
 
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