Nenhum torcedor do Corinthians pode acusar o Inter de ter entregado o jogo para o Goiás. Ontem, no Serra Dourada, Clemer pegou dois pênaltis, mas o auxiliar Hilton Moutinho Rodrigues mandou repetir as cobranças. Só quando Elson, na terceira tentativa, marcou, o time da casa escapou da segunda divisão e assegurou a vitória por 2 a 1.

A exemplo do ocorrido em Porto Alegre, a partida de Goiânia começou atrasada, às 16h17min. A diferença é que o Goiás não retardou a entrada em campo como fez o Corinthians. Surgiu do vestiário antes do Inter, porém, cercado por dezenas de crianças que teimavam em não sair do gramado. Sem contar a intensa movimentação de repórteres atrás de Harlei, que completava 500 jogos na equipe - e Paulo Baier, dúvida na escalação.

O juiz carioca Djalma Beltrami parecia alheio ao atraso. Fez mais: implicou com a camisa preta de Clemer, idêntica a do trio de arbitragem. Primeiro, mandou cobri-la com um colete laranja. Não satisfeito, fez o goleiro trocar o uniforme com o do reserva Renan, cinza. Ainda demorou para retirar o batalhão de profissionais do campo. Mas a arbitragem seria decisiva mesmo com a bola rolando.

O jogo estava empatado em 1 a 1 quando, aos nove minutos do segundo tempo, Jorge Luís derrubou Vitor na área. Ninguém questionou o pênalti. E lá foi Paulo Baier, o capitão, artilheiro e craque do time no Brasileirão. Chutou no lado direito, Clemer espalmou, e Hilton Rodrigues levantou a bandeira, indicando que o goleiro se adiantara. Baier tentou de novo, trocou o canto. Nova defesa. Mais uma vez Rodrigues apontou irregularidade. Cabisbaixo, Baier disse estar sem confiança e pediu para Elson assumir a terceira tentativa. O meia chutou na esquerda, o goleiro foi no canto certo, mas não alcançou.

— Não tem como você ficar parado em cima da linha. É uma questão de lógica, tem que colocar um pé para frente para saltar. Cada árbitro tem um critério. Quem não gostou muito, tenho certeza, foi a torcida do Corinthians — afirmou Clemer.

— O homem é o rei da confusão. Tudo o que ele apita dá isso. Uma pena — lamentou Abel Braga.