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 | 27/10/2007 12h47min

Cristina Kirchner está a um passo da presidência da Argentina

Primeira-dama realizou campanha marcada por viagens e breves declarações à imprensa

Com uma campanha marcada por viagens ao Exterior e breves declarações à imprensa, Cristina Fernández de Kirchner, mulher do atual presidente, Néstor Kirchner, pode estar a um passo de se tornar a primeira mulher eleita por voto popular para a presidência na Argentina.

Segundo as últimas pesquisas, Cristina, que é primeira-dama, senadora e candidata da Frente para a Vitória, é apontada como a grande favorita no primeiro turno das eleições presidenciais, que ocorrem no domingo.

De acordo com oito institutos de pesquisa que divulgaram resultados na sexta-feira, ela pode ser eleita já no primeiro turno com previsão de 41,7% a 49,4% das intenções de voto. Uma nona pesquisa, no entanto, indica que haverá segundo turno entre Cristina e Elisa Carrió, da Coalizão Cívica. Para evitar o segundo turno, o candidato mais votado deverá obter pelo menos 45% dos votos, ou 40% e dez pontos percentuais de vantagem sobre o segundo colocado.

Os principais candidatos usaram até o último momento permitido ontem, pela lei eleitoral, para convencer os indecisos. Hoje, véspera das eleições, já não podem fazer campanha e todos se mantêm longe dos microfones e dos palcos. Cristina Kirchner viajou com seu marido, o presidente Néstor Kirchner, para a província Río Gallegos. Os demais candidatos permanecem na capital federal.

Pela primeira vez, três mulheres na disputa

Cerca de 27 milhões de eleitores estão habilitados para irem às urnas amanhã. Trata-se da sexta eleição presidencial desde 1983, ano do fim da ditadura militar. Esse é o período democrático mais longo que a Argentina reconhece, desde que se institucionalizou a lei Sáenz Peña, com o voto obrigatório, secreto e universal, em 1912.

Será a primeira vez que três mulheres disputam a Presidência, mas nenhuma é candidata escolhida por uma eleição interna de um partido ou representa um legenda tradicional. Todas são representantes de coalizões, como Elisa Carrió e Vilma Ripoll, ou alas dissidentes de seus partidos, como Cristina Kirchner.

A campanha da primeira-dama foi marcada por poucas e breves declarações à imprensa. Cristina disse à Agência EFE, em Madri, pouco depois do lançamento de sua candidatura, que enfrenta com "respeito e humildade" a campanha eleitoral e advertiu que não vê as enquetes como "um certificado definitivo". O jornalista argentino Jorge Lanata disse, em Bogotá, que a candidata economiza palavras porque seus assessores não a deixam falar.

Na última quarta-feira, a senadora falou com duas rádios sobre campanha e projetos. Ao longo das entrevistas, discutiu mais temas econômicos que políticos, elogiou a gestão de seu marido e disse que se eleita, tentará aprofundar e articular um modelo de crescimento sustentável.

A oposição acusa Cristina de tirar vantagem de atos públicos para fazer proselitismo e de esbanjar os recursos do Estado em viagens internacionais para consolidar sua candidatura, o que motivou até a formalização de uma denúncia à Justiça. Cristina visitou recentemente o Brasil, a França, a Alemanha, a Áustria, o México, os Estados Unidos e a Espanha.

Em contrapartida às críticas sobre as viagens da primeira-dama, seus assessores respondem que Néstor Kirchner sempre foi reprovado por não viajar ao Exterior com maior freqüência, e que agora estão colocando em xeque sua esposa justamente pelo contrário.

Conheça os quatro principais candidatos:

Cristina Fernández de Kirchner
É a mulher do atual presidente Néstor Kirchner. Seu vice é Julio Cobos, da Frente para la Victoria (Partido Justicialista + Unión Cívica Radical). Cristina tem 54 anos e além de primeira-dama, é senadora e advogada.

Elisa Carrió
"Lilita", como é chamada, é popular por sua trajetória contra a corrupção. Se diz defensora dos valores republicanos que, segundo ela, se perderam na gestão de Kirchner. Seu vice é Rubén Giustiniani, da Coalición Civica (Afirmación para una República Igualitária- Ari + Partido Socialista+ Unión por Todos + PAIS). Elisa tem 50 anos, é ex-deputada e advogada.

Roberto Lavagna
Se considera o pai do atual modelo econômico argentino. Crítico do atual governo, acusa o Estado de manipular os índices de inflação e de não ter feito o suficiente para combater a desigualdade social. Seu vice é Gerardo Morales, que pertence à Una Nación Avanzada (UCR-Unión Cívica Radical + MID). É ex-ministro de Economia e tem 65 anos.

Alberto Saá
Reeleito recentemente governador da província de San Luis. Faz parte de uma corrente do Partido Justicialista que faz oposição à Kirchner. Seu vice é Héctor Maya, da Frente Justicia, Unión y Libertad (correntes dissidentes do Partido Justicialista). Saá tem 58 anos.

EFE E AE
Cézaro De Luca, EFE  / 

Oposição acusa Cristina de esbanjar os recursos do Estado em viagens internacionais
Foto:  Cézaro De Luca, EFE


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