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 | 19/04/2007 12h09min

Violência Futebol Clube: Os barra bravas dos Pampas

Como funciona esse tipo de torcida nos estádios da dupla Gre-Nal

As novas torcidas da dupla Gre-Nal se inspiraram nas barra bravas portenhas para cantar, pular, motivar e elogiar os seus times. As barras são um tipo de torcida que começou na década de 70 na Argentina e no Uruguai. Tem a característica de usar faixas e ficar sempre na arquibancada atrás de uma das goleiras do estádio.

A organização

Ao contrário das organizadas, o torcedor não precisa de cadastro para participar. Basta cantar e pular sem parar ao som da banda. A cada jogo, uma caixinha é repassada para os maiores freqüentadores de jogos. O objetivo é custear o site na Internet, as faixas e viagens.

Os líderes

Não há presidente, como nas torcidas antigas. Seus representantes são os fundadores das barras. No Grêmio, o mais conhecido é o alemão da Geral. Ele já esteve envolvido em alguns conflitos. No Inter, a liderança é exercida por um jovem conhecido como Hierro Martins. Ele não quis gravar com a reportagem. Mas com um microfone escondido, a equipe acompanhou no mês passado, ele comandando a retirada da Popular do estádio em protesto contra a direção colorada. Foi no jogo Inter e Santa Cruz, pelo Gauchão. A torcida protestou pelo fato da direção não dar subsídios.

A concentração

Ocorre em bares nas imediações dos estádios. No Olímpico, o local escolhido é o Preliminar, que fica em frente ao largo dos Campeões. No Beira-Rio, inicialmente era em frente ao estádio, mas, devido a uma agressão por parte de torcedores gremistas no ano passado, a concentração foi transferida para o Celeiro de Ases, que fica dentro do complexo do clube.

A rivalidade

O maior problema ocorre extra-campo, no deslocamento até os estádios, na Internet, por meio de ameaças e brigas que chegam a ser marcadas. A rivalidade também ocorre nos cantos das duas torcidas. Tanto Geral quanto Popular se provocam através de canções. Também fazem apologia a drogas e bebidas. E é claro, idolatram seus times.

Os trapos

A exemplo das barras argentinas e uruguaias, as torcidas gaúchas também usam faixas e bandeiras que são chamadas de trapos.

As viagens

Em uma já foi resgitrado um suposto caso de estupro. O fato ocorreu em São Paulo, há um ano e meio, na ida para um jogo do Grêmio. Torcedores revelam que um grupo de integrantes da Geral teriam contratado uma prostituta e depois não pagaram pelo serviço. Ela registrou ocorrência policial e vários torcedores foram detidos, tendo que prestar depoimento sobre o fato.

Em outras viagens, torcedores revelaram à reportagem que ocorreram roubos. Um jovem de 22 anos contou que existe o batismo para os novatos. Eles são enrolados em uma bandeira do time e espancados. Passam por um verdadeiro corredor polonês dentro do coletivo. Alguns são obrigados a usar drogas e roubar mercadorias, principamente de postos de conveninência.

A relação com a Brigada Militar

As torcidas relataram que há um histórico desfavorável, principalmente no jogo do Grêmio contra o Cúcuta, da Colômbia, pela Libertadores, em fevereiro deste ano. Na ocasião, policiais militares teriam sido truculentos ao jogar os cavalos sobre os torcedores no portão 10 do Estádio Olímpico. No Beira-Rio, o caso mais grave foi registrado na partida com o Fluminense, pelo Brasileirão de 2005, quando torcedores ficaram encurralados nas arquibancadas devido a um tumulto. Muitos ficaram feridos. O comandante do Batalhão de Operações Especiais (BOE), tenente-coronel Jones Calixtrato dos Santos, diz que procurou as torcidas para chegar a um acordo e evitar confrontos e depredações. Apesar de toda a festa e incentivo ao time durante os jogos, existem núcleos perigosos dentro destas torcidas.

CID MARTINS, JOCIMAR FARINA / RÁDIO GAÚCHA E FÁBIO ALMEIDA / RÁDIO FARROUPILHA
 
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