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 | 30/08/2006 18h00min

Salário de Parreira causa polêmina na África do Sul

Treinador vai receber US$ 257 mil mensais até o fim do contrato

Mesmo ainda sem ter assumido a seleção da África do Sul, o técnico brasileiro Carlos Alberto Parreira já é alvo de polêmica por seu salário, considerado fora dos padrões da realidade financeira do país: US$ 257 mil mensais. Após vários meses de negociações, Parreira assinou no último dia 16 o contrato para comandar uma seleção que anda aos trancos e barrancos há vários anos, mas que precisa ressuscitar a fim de fazer um papel digno como anfitriã do Mundial de 2010.

O último emprego de Parreira foi justamente o de treinador da seleção brasileira que fracassou no sonho de conquistar o hexa. As muitas críticas da imprensa do Brasil tinham como fator comum sua falta de pulso para administrar um grupo repleto de estrelas, que não se portava como uma equipe. O resultado todos já sabem: a seleção foi eliminada pela França com uma derrota de 1 a 0, nas quartas-de-final.

Mesmo com este antecedente, a escolha de Parreira foi recebida com entusiasmo na África do Sul. O país já teve 13 treinadores desde que começou a jogar os torneios internacionais, há 14 anos, ao fim do isolamento internacional ao qual o país estava submetido pelo regime do Apartheid. Porém, quando foram divulgados detalhes de seu contrato, uma irritação popular tomou conta do povo do país, principalmente quando se soube que Parreira ganharia valores considerados absurdos.

– É escandaloso, doentio e obsceno – resumiu o treinador sul-africano Roger de Sá, que dirige o Santos local.

Em um mês, Parreira ganhará mais que o presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, num ano. Por sua vez, a Associação do Futebol Sul-Africano insiste que está de acordo com os padrões internacionais. O valor a ser pago ao técnico durante os 46 meses de contrato é de 1,8 milhão de rands (cerca de US$ 257 mil), incluindo o valor de sua casa, carro, viagens e outras despesas associadas à sua estada na África do Sul.

Embora os dirigentes da federação tenham mostrado resistência a dar detalhes do contrato, foram obrigados a fazê-lo ao Comitê de Esportes do Parlamento, que analisou o caso na segunda-feira passada. O presidente do comitê, Butana Komphela, admitiu que a quantia mencionada era "exorbitante", mas reconheceu que valia a pena pela qualidade do brasileiro, o papel que a África do Sul deve desempenhar no Mundial de 2010 e os padrões internacionais.

Desde o anúncio destes números, as emissoras de rádio da África do Sul se viram inundadas por comentários de gente que se queixa que o salário destinado a Parreira é exagerado, e que o problema da equipe não é o treinador.

A África do Sul está há anos sem resultados importantes no futebol internacional. A equipe não conseguiu se classificar para o Mundial da Alemanha. Na última Copa Africana de Nações, disputada no último mês de janeiro, a seleção foi eliminada após perder seus dois jogos.

AGÊNCIA EFE

 
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