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 | 13/03/2006 14h58min

Efeito econômico da gripe aviária deve ser severo e breve

FMI acredita em retração econômica de curta duração

O efeito econômico de uma pandemia de gripe aviária na América Latina e em outras regiões com economias em desenvolvimento deve ser servero, porém curto. A afirmação consta de um estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgado nesta segunda, dia 13.

– A gravidade dependerá do nível de ataque e taxas de morte, sua duração, coportamento e grau de preparação dos criadouros e empresas, além da capacidade de resposta dos sistemas de saúde – diz o informe Impacto econômico e financeiro de uma gripe pandêmica e o papel do FMI.

David Hoelscher, diretor da divisão de assuntos sistêmicos do FMI, disse que quantificar o tamanho dos prejuízos "é certamente muito difícil", e o próprio informe não o faz especificamente.

Quando houve o alarme pela Síndrome Respiratória Aguda (Sars) em 2002 "os investimentos estrangeiros diretos se reduziram e os projetos não foram cancelados, mas tiveram demora em sua implementação. Também houve um incremento dos riscos de investimento" – destaca o informe.

O Banco Mundial, instituição filiada ao FMI, calculou sobre a base dos danos ocasionados pela Sars que uma pandemia de gripe aviária causaria cerca de US$ 800 milhões em perdas em um ano em todo o mundo.

David Nabarro, coordenador para a gripe aviária e humana das Nações Unidas, ponderou na semana passada que "dentro de um ano" o vírus da gripe aviária cruzará o Atlântico e chegará às Américas. O comentário foi feito com base nos padrões de vôo das aves silvestres infectadas com o vírus H5N1 na Ásia, Europa e África.

O H5N1 está presente no sudeste asiático desde 1997, e já provocou a morte de uma centena de pessoas no mundo todo desde 2003. Especialistas afirmam que o vírus ainda não adquiriu capacidade genética para ser transmitido de pessoa a pessoa, como ocorre na gripe comum.

O FMI informou que a comunidade internacional comprometeu recursos de US$ 1,9 bilhões em apoio a planos de todos os níveis para combar a gripe aviária e realizar preparativos para uma possível epidemia humana.

As pandemias de gripe ocorrem em intervalos regulares e, segundo os cientistas, o mundo deve se preparar para a iminência de mais uma. No século passado ocorreram pandemias em 1918, 1957 e 1968.    

Segundo a Organização Panamericana da Saúde (OPS), Bolívia, Colômbia, República Dominicana, Equador, El Salvador, Haiti, Paraguay, Peru, Uruguay, Venezuela e Guatemala "estão desenvolvendo" planos de preparação, enquanto Argentina, Brasil, Costa Rica, Cuba, Honduras e Panamá já elaboraram esboços. Somente Chile, Canadá, México e Estados Unidos informaram que completaram seus planos.

O FMI revelou que as principais repercussões de uma pandemia de gripe seriam uma grande taxa de desemprego, assim como interrupções no transporte, comércio, sistemas de pagamento e principais serviços públicos. Essas condições podem levar à quebra de empresas financeiramente vulneráveis.

Adicionalmente, a demanda poderia contrair-se de maneira aguda, com uma grande queda nos gastos dos consumidores e suspensão de investimentos. A gripe aviária afetaria também a cadeia alimentar das Américas, segunda a OPS. As economias e populações regionais têm nas aves sua principal fonte de proteínas.

O continente americano produz 58% da demanda do mercado mundial de carnes de aves ao ano, o equivalente a 7,7 milhões de toneladas. Cinco países geram 99% das exportações continentais: Estados Unidos, Brasil, Canadá, Argentina e Chile.    

A OPS informou que está preparando uma campanha de vacinação em massa na zona de fronteira entre o México e os Estados Unidos para a semana final de abril, quando tem início a temporada de migração das aves do norte para o sul das Américas.

AGÊNCIA AP

 
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