| 12/12/2005 18h42min
O ex-conselheiro do Inter Carlos Papaléo reiterou na tarde desta segunda que possui cartas na manga que comprometem a CBF e o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), comandado pelo desembargador Luiz Zveiter. Papaléo participou de uma entrevista online no clicRBS e falou também sobre a relação que tem com o advogado Leandro Konrad Konflaz, que presta serviços ao seu escritório de advocacia, autor da ação na Justiça comum para que a CBF não declarasse o campeão do Brasileirão.
Para o ex-conselheiro, seu desligamento do clube se deu em função de os dispositivos do Estatuto do Torcedor e das garantias constitucionais terem sido violadas no caso da ação movida na Justiça comum por Konrad.
– Não poderia eu, como conselheiro do Internacional reivindicar em juizo ou mediante intervenção do Ministério Público, direitos que julgo fundamentais sem prejudicar, atual ou futuramente o clube, tão ameaçado que foi, tendo que suportar a humilhação de declarar que não obedecerá nenhuma ordem judicial, mesmo que satisfaça mediata ou imediatamente seus interesses, ainda que postulada por terceiros – avaliou.
Sobre a administração do futebol brasileiro, o advogado considera que a estrutura está contaminada e comprometida. Papaléo lembra que Vasco, Flamengo, Fluminense e Botafogo recorreram à Justiça do Rio de Janeiro de um ano pra cá, justamente onde Zveiter é desembargador.
– Todas essas provas documentais, de fraude e de simulação estão em nosso poder. Tenho certeza que outras nos serão alcançadas por todos que tenham interesse. E, parece, não são poucos – revelou. – Todavia, faz-se necessário um tempo, ainda que pequeno, para organizar idéias, estabelecer estratégias e ultimar a reunião de provas – completou.
Carlos Papaléo voltou a defender Leandro Konrad Konflaz, isentando-o de que seja enquadrado como "laranja" do clube nesse caso.
– Leandro declarou que não conhecia, como não conhece, qualquer dirigente do Internacional. O fato de prestar serviços para o meu escritório, não o torna dependente para aqueles efeitos, tanto que não o impedi, mas também não o estimulei a ingressar com a ação. O Beto Kfouri, irmão do Juca, também corintiano, tal qual Leandro, presta serviços para o meu escritório. Seria ele um laranja? – questionou, lembrando também que é uma garantia e direito assegurado pelo Estatuto do Torcedor.
Confira a íntegra da entrevista online:
Pergunta: O senhor considerou que sua posição como conselheiro do Inter ficou insustentável após o episódio da ação movida pelo advogado Leandro Konrad?
Carlos Papaléo: Sim, na medida em que os direitos de cidadão e de torcedor restaram feridos, ficando violados os dispositivos do Estatuto do Torcedor e as garantias constitucionais. Não poderia eu, como conselheiro do Internacional reivindicar em juizo ou mediante intervenção do Ministério Público, direitos que julgo fundamentais sem prejudicar, atual ou
futuramente o clube, tão ameaçado que foi, tendo que
suportar a humilhação de declarar que não obedecerá nenhuma ordem judicial, mesmo que satisfaça mediata ou imediatamente seus interesses, ainda que postulada por terceiros.
Pergunta de Internauta: O que há de tão sujo na CBF e STJD que o senhor ameaçou denunciar? Existem provas?
Carlos Papaléo: A administração do futebol brasileiro está contaminada por interesses financeiros e lotação de cargos que compromete sua estrutura e as decisões que administrativa, política e adotadas pela justiça desportiva se acham absolutamente comprometidas. A mesma atitude de, na justiça comum, buscar o reconhecimento de direitos foi, estranhamente, utilizada pela própria CBF e pelo Dr. Zveiter, com a utilização de clubes e de torcidas organizadas de clubes, perseguindo eficácia e validade para suas decisões internas. Assim aconteceu, de um ano para cá, com Vasco, Flamengo, Fluminense e Botafogo. Curiosamente, equipes cariocas e surpreendentemente, na Justiça do Rio
onde o Dr. Zveiter é, também,
desembargador. Todas essas provas documentais, de fraude e de simulação estão em nosso poder. Tenho certeza que outras nos serão alcançadas por todos que tenham interesse. E, parece, não são poucos.
Pergunta: Sr. Papaléo, a situação ficou embaraçosa justamente pelo fato de que Leandro Konrad Konflaz era tido como um terceiro, apenas torcedor colorado. Por que ele alegou não ter contato com ninguém ligado ao Inter, uma vez que atua em seu escritório de advocacia, sendo o senhor conselheiro do clube?
Carlos Papaléo: Qualquer cidadão, até mesmo o filho do presidente do clube poderia ter ajuizado ação igual a do Leandro – isto é garantia institucional e direito assegurado pelo Estatuto do Torcedor. Leandro declarou que não conhecia, como não conhece, qualquer dirigente do Internacional. O fato de prestar serviços para o meu escritório, não o torna dependente para aqueles efeitos, tanto que não o impedi, mas também não o estimulei a ingressar com a
ação. O Beto Kfouri, irmão do
Juca, também corintiano, tal qual Leandro, presta serviços para o meu escritório. Seria ele um laranja?
Pergunta de Internauta: Qual é a viabilidade a seu ver, de os torcedores ingressarem com uma ação similar à de Konrad, porem após a disputa da Libertadores, quando ficará dificil haver uma punição em nivel internacional?
Carlos Papaléo: A viabilidade, já disse, é garantida pela Lei e pela Constituição. Penso não ser necessário aguardar tanto, na medida em que amanhã confirmar-se-á a participação do Inter na Libertadores, e, em 8 de fevereiro é sua partida inaugural.
Pergunta: O senhor pretende tomar alguma medida imediata contra a CBF e o STJD com as cartas que possui na manga?
Carlos Papaléo: Sim. Todavia, faz-se necessário um tempo, ainda que pequeno, para organizar idéias, estebelecer estratégias e ultimar a reunião de provas.
Pergunta de
Internauta: Gostaria de saber o que, de fato, pode ser feito para acabar com esse
império, ditadura, máfia ou o que quiserem chamar que se instalou no futebol brasileiro?
Carlos Papaléo: Parece-me melhor buscar o judiciário, poder no qual acredito, bem como o Ministério Público, órgão por todos respeitado, para fazer valer a idéia de limpeza que move os brasileiros em geral. Já sofremos muito esse ano, econômica e politicamente. Não acreditávamos que, também o futebol, onde extravasamos nossas alegrias e tristezas, também se tornaria fonte de nossas suspeitas e da violência que nos atinge.
Pergunta de Internauta: Um programa de rádio criticou hoje o conselho colorado pela inércia que manteve diante de fatos tão importantes. O senhor concorda com a crítica? Acredita que houve manobras de conselheiros colorados ligados à CBF para que o Inter se curvasse às determinações da entidade?
Carlos Papaléo: O conselho do Internacional é multifacetado em grupos políticos. Estranho que nenhum deles tenha vindo, de
forma oficial e pública, em defesa da
instituição. Contudo, não acredito que algum conselheiro, deliberadamente ou não, "seque" o Inter ou trabalhe para a sua desgraça. Porém, o vice-presidente eleito da CBF, Emídio Perondi, é, também, conselheiro do Inter. Recebeu, na condição de vice da CBF a intimação para que o Corinthians não fosse proclamado campeão. Além de desrespeitar a decisão judicial, permitiu, sem desmentidos, que fosse veiculada a hipótese de que não teria legitimidade para ser intimado em nome da CBF. Por isso o meu apelo, parafraseando Roberto Jéfferson, em triste e recente passagem: "sai Perondi, sai".
Pergunta de Internauta: O senhor acha que o Leandro seria vitorioso na ação? Vários advogados consideram que não haveria como o torcedor perder.
Carlos Papaléo: Até o momento da desistência, Leandro vinha obtendo sucesso na Vara Cível, no TJ e no STJ, ainda que na forma de decisões provisórias. Acredito que teria êxito.
Pergunta de
Internauta: Como podemos nos unir e ajudá-lo nessa luta
para recuperarmos o título que é nosso de direito e limparmos o futebol brasileiro dessa quadrilha que o comanda?
Carlos Papaléo: O apoio vem através do clamor público. Em breve estaremos divulgando um site específico para tanto e necessitaremos de todo o apoio possível: palavras, gestos e, principalmente, subsídios e opiniões.
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