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 | 05/12/2005 09h30min

O animado vôo de volta

Jogadores puxaram samba e cantaram de Curitiba até Porto Alegre

O vôo que trouxe o Inter de volta a Porto Alegre lembrava uma excursão de colegiais, tamanha a algazarra provocada pelos jogadores. A festa pelo título de campeão brasileiro, iniciada a pedido da direção, ainda no gramado do Couto Pereira, estendeu-se pela churrascaria na qual a delegação parou para o jantar, chegou ao saguão do Aeroporto Afonso Pena, prosseguiu no vôo da Gol (o que parecia até deboche, pois foi o que faltou para o time no jogo contra o Coritiba), e desembarcou na pista do Salgado Filho, às 23h45min de ontem, onde milhares de colorados aguardavam a equipe para mais festa.

A alegria dos atletas contrastava com as feições fechadas do presidente Fernando Carvalho e do vice de futebol Vitório Píffero. No vôo 1797, eles pareciam constrangidos com uma nova má atuação em jogo decisivo. Sem Muricy Ramalho nem o auxiliar Tata, que embarcaram para São Paulo logo após a derrota no Paraná, Paulo Paixão era o principal representante da comissão técnica no vôo. Também não demonstrava compartilhar da mesma alegria dos jogadores.

– O Brasileirão ainda não acabou para nós... – comentou um lacônico Carvalho, prevendo uma desgastante briga jurídica para tentar que a taça do campeonato pare no Beira-Rio.

Enquanto isso, parte dos jogadores seguia em festa. Regada a muitas latinhas de cerveja. Na parte traseira do avião, o corredor havia sido transformado em uma espécie de passarela do samba. O trio Perdigão-Ricardinho-Edmílson puxava sambas, pagodes, e até o hino do Inter. Com um chapéu enterrado na cabeça, cachos caindo sobre as orelhas, bigodinho, e trajando uma camiseta de física da Camisa 12, Perdigão recebeu o merecido apelido de "Tiririca".

Qualquer coisa era motivo para brincadeiras. Na decolagem, jogadores e conselheiros entoaram um "se o avião não virar... eu chego lá". Para desespero de Clemer, acreditando que a cantiga poderia "dar azar".
Em determinado momento do trajeto de 40 minutos, o avião mais parecia um ônibus na hora do pico. Havia mais gente em pé do que sentada. Granja, enrolado em uma bandeira do Inter, e Gustavo, em uma do Rio Grande do Sul, lembravam senadores romanos. As comissárias de bordo eram aplaudidas sempre que passavam no corredor. Perdigão, sempre ele, passou a narrar gols de Fernandão e Sobis.

LEANDRO BEHS/ZERO HORA
 
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