| 24/11/2007 20h21min
Rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro depois de 13 temporadas na elite, o Juventude espera experimentar em 2008 um fenômeno curioso, já vivido por clubes como Grêmio, Atlético-MG e Palmeiras: o do aumento de público no estádio. É sabido que nos momentos difíceis o torcedor costuma apoiar mais o time.
– Acredito que aumente o público no ano que vem. Normalmente, nas dificuldades a torcida comparece. Então, acho que teremos um apoio maior ainda no ano que vem – afirma Roberto Tonietto, vice administrativo e financeiro do clube de Caxias do Sul na gestão do presidente Iguatemy Ferreira Filho.
Desde a queda do São Caetano para a Série B, em 2006, o Juventude passou a ser o time com pior média de público da Série A. Até a partida desta quarta contra o São Paulo, 102.740 pessoas haviam passado pelas catracas do Alfredo Jaconi neste Brasileirão. O que dá uma média de 6.044 torcedores por jogo.
Tonietto, no entanto, observa que esses
números não podem ser analisados friamente.
Segundo o dirigente, é preciso levar em conta a população de Caxias do Sul, estimada em aproximadamente 730 mil pessoas, incluindo aí os habitantes de sua microrregião. Comparada com os cerca de 3,7 milhões da microrregião de Porto Alegre, por exemplo, a média de público do Juventude seria maior que as de Grêmio e Inter, de 21.241 e 17.548, respectivamente.
– Em números relativos é diferente. Se pegarmos a média de Grêmio e de Inter, comparado com o população de Porto Alegre, teremos uma média menor do que a do Juventude. Isso vale para vários estados do país – analisa.
O clima de Caxias do Sul, onde o vento gelado e a temperatura abaixo dos 10ºC no inverno, certamente não contribui para a presença de público no estádio, mas também não é o único fator que o afasta dele. Durante a maior parte do Brasileirão, os ingressos de arquibancada foram vendidos a R$ 30. O valor foi reduzido na reta final, mas isso também não significou aumento significativo de torcedores papo nas
arquibancadas.
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O preço do ingresso a R$ 30 não interferiu porque temos um plano de sócio, no qual o torcedor paga R$ 30 por mês e assiste a todos os jogos de graça. Então, o torcedor juventudista mesmo, que gosta de ir ao campo, com certeza é sócio – diz Tonietto.
Como explicar, então, a baixa média de público no Jaconi em 2007? A fraca campanha do time dentro de seus domínios também poderia entrar nessa equação. Se nos anos anteriores o Juventude fez da sua casa seu grande trunfo no duelo contra os grandes clubes brasileiros, a fórmula não se repetiu no Brasileirão que está por terminar.
Das 17 partidas que disputou no Alfredo Jaconi antes de enfrentar o São Paulo nesta quarta, o time alviverde venceu apenas cinco (América-RN, Vasco, Inter, Goiás e Cruzeiro). Foram oito empates (Figueirense, Náutico, Palmeiras, Fluminense, Corinthians, Flamengo, Atlético-PR e Botafogo) e quatro derrotas (Paraná, Santos, Atlético-MG e Grêmio).
É certo que o torcedor papo poderia ter
apoiado mais, mas atribuir a ele a
responsabilidade pelo rebaixamento significa eximir os verdadeiros responsáveis pela derrocada de sua parcela de culpa. Afinal, em meio a várias contratações equivocadas e a constantes troca de técnicos, os cerca de seis mil papos que comparecerem ao Jaconi a cada jogo sempre se mantiveram fiéis à sua paixão.
– Acho que o Juventude é o produto que mais vende Caxias do Sul para todo o país. E nunca tivemos muito apoio da Prefeitura, das empresas e da comunidade em geral. O único apoio que realmente tivemos foi dos quatro ou cinco mil torcedores que aparecem, faça chuva ou faça sol – reflete Tonietto.
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