| 30/10/2007 17h44min
A cerimônia de indicação do país escolhido para sediar o Mundial de 2014 foi marcada por uma série de gafes envolvendo os representantes brasileiros. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 13 governadores de Estado, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, o técnico Dunga, o jogador Romário e até o escritor Paulo Coelho formaram uma comitiva numerosa, festiva, emocionada e por vezes atrapalhada.
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Os sisudos representantes da entidade máxima do futebol não estavam acostumados. A luxuosa sede suíça da Fifa foi palco de discurso comparando sexo e futebol, presidente falando como torcedor e outras
situações insólitas.
A primeira delas ocorreu antes mesmo do
início da apresentação da candidatura. Ricardo Teixeira agradeceu a presença dos ilustres brasileiros que compareceram, entre eles Romário. O presidente da CBF estava muito honrado por dividir a mesa com o atacante, que "além de ter sido um grande jogador, é membro do nosso Comitê de Organização". Romário ainda está em atividade, no Vasco, mas não se manifestou.
Pouco depois, o escritor, mago e popstar Paulo Coelho, convocado para ser o craque da Seleção no trabalho de convencimento do Comitê Executivo da Fifa, deu um discurso curioso.
— Já vi muita gente ficar discutindo cinco horas sobre futebol, mas nunca vi alguém ficar discutindo cinco horas sobre uma relação sexual. A emoção do futebol é mais duradoura — afirmou, arrancando risos dos surpresos engravatados.
Depois de assistir aos pronunciamentos iniciais, aos vídeos com depoimentos de anônimos e famosos pedindo a Copa para o Brasil e à apresentação dos estádios para o Mundial, considerada
"extraordinária" pelo presidente da
Fifa, Joseph Blatter, o Comitê Executivo se reuniu por cerca de uma hora. No retorno, Blatter fez o tão esperado anúncio. Confirmou a realização do mais importante torneio de futebol do mundo em terras tupiniquins, após 64 anos.
Presidente-torcedor
Foi aí que Lula entrou em cena. Quieto desde que chegara a Zurique, o presidente se soltou em um emocionado discurso de agradecimento. Falando "um pouco como presidente e um pouco como amante do futebol", fez uma promessa aos representantes da Fifa que, mesmo com a tradução simultânea, não devem ter entendido muito:
— Vamos fazer uma Copa para argentino nenhum botar defeito!
Lula brincou com Romário, dizendo que o jogador estava cansado demais para segurar a taça, e mandou um recado um tanto equivocado para o ex-jogador francês e presidente da Uefa, Michel Platini:
— Nós choramos, Platini, quando você marcou um gol de pênalti no Brasil,
mas também rimos quando Romário marcou gol e quando Dunga levantou a
taça (no Tetra, em 1994).
Na verdade, o craque francês marcou durante o tempo normal das quartas-de-final da Copa de 1986, mas errou a cobrança na decisão por pênaltis que eliminou o Brasil.
Violência? Onde?
Por fim, houve os incidentes na coletiva de imprensa do presidente da CBF. Ele se desentendeu com uma jornalista da Associated Press (AP) que perguntou o que seria feito para proteger os torcedores no Brasil. Depois de hesitar e se certificar de quem havia formulado a questão, partiu para a ofensiva.
Em referência a tragédias ocorridas nos EUA, disse que o Brasil não tem estudantes que "saem atirando e matando todo mundo" em escolas. Afirmou ainda saber de policiais canadenses que agrediram atletas, mas não informou quando nem como. Depois disso, Joseph Blatter pediu respeito com "esta casa, os convidados e as instituições que eles representam".
Essa não foi a última
saia-justa pela qual Teixeira passou na entrevista. A pergunta seguinte foi sobre
a ausência de Pelé na numerosa comitiva brasileira. O Rei não mantém relações cordiais com a CBF.
— Onde ele está, eu não sei. Trouxemos dois jogadores de grandes gerações do futebol brasileiro durante a minha gestão. Estaríamos maravilhosamente bem representados com o Pelé, mas estamos bem representados com o Dunga e o Romário — respondeu.
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