| 25/09/2007 06h01min
A final do Campeonato Gaúcho de 1977 completa 30 anos. A partida foi o símbolo de uma nova fase para o Grêmio. Com a vitória, o Tricolor encerrou uma série de oito títulos gaúchos consecutivos do Inter e iniciou uma nova era para os gremistas.
O apito do árbitro mal havia terminado de trilar e Tarciso chorava, as mãos para o céu em um misto de protesto e raiva. O Inter ganhara por 2 a 0 mais um Gre-Nal, o da decisão de 1976. Era campeão gaúcho pela oitava vez seguida. Situação insustentável, imaginou o flecha negra, o que justificava plenamente a heresia a seguir.
– Mas será que não tem justiça nessa vida? Eu treino, corro, apanho do Figueroa e não adianta? Será que eu nunca vou ganhar deles e ser campeão? Será que Deus existe mesmo?
Pelo que se viu no ano seguinte, em 1977, a ira de Tarciso deu resultado. Porque os reforços começaram a chegar: Éder, a bomba mineira de Vespasiano. Tadeu Ricci, parceiro de Zico do Flamengo. Ladinho, o maior lateral da história do Atlético-PR. André, centroavante experiente. Oberdã, o xerife que chegou fincando placa de propriedade na área do Grêmio. Todos estes se juntaram aos vaiados Ancheta, Iúra e Tarciso para formar um esquadrão lendário sob o comando do não menos lendário Telê Santana.
E o Grêmio nasceu. Ou renasceu. Depois daquele 25 de setembro, há 30 anos, veio o Brasileirão de 1981, a Libertadores e o Mundo em 1983 e a fartura dos anos 90. Mas na década de 70, não. Era preciso suar sangue para ganhar do Inter. Era preciso recomeçar. Por isso nada era mais importante para o Grêmio do que o Gauchão de 1977.
– Com o Telê, o Grêmio adotou métodos profissionais. Os resultados apareceram – diz Iúra, um ex-vaiado convertido em símbolo de raça.
Eram 42 minutos do primeiro tempo quando Tarciso bateu falta pela direita. O Olímpico silenciou. A bola sobrou para Tadeu Ricci, que atraiu a marcação de Caçapava e Gardel e enfiou entre os dois. Quando André Catimba ajeitou o corpo, o tempo parou. De pé trocado, lado esquerdo da área, ele encontrou o ângulo direito.
Grêmio campeão, 1 a 0, enfim. André saltou de alegria. Era para ser um salto mortal, mas o baiano de olhos verdes se espatifou feito saco de batatas: abriu uma distensão, uivou de dor, saiu de campo.
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