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Os rebeldes ocuparam uma cidade estratégica no Haiti e se aproximaram ainda mais da capital do país nesta sexta, dia 27, enquanto simpatizantes do presidente Jean-Bertrand Aristide tentavam aumentar defesas contra a sangrenta revolta que ameaça o governo. O palco está armado para o duelo entre o bando de ex-soldados e membros de gangues que tentam depor Aristide e os mal treinados 4 mil policiais haitianos e marginais recrutados das favelas da capital.
Um grupo de rebeldes chamado Assaillants (atacantes), do planalto central haitiano, assumiu o controle da cidade de Mirebalais durante a madrugada, libertando prisioneiros, segundo relatos de uma rádio e de um ex-parlamentar. Mirebalais fica 50 quilômetros a nordeste de Porto-Príncipe, no cruzamento de estradas que dão acesso à capital, ao porto de Saint Marc, ao reduto rebelde do norte e à fronteira com a República Dominicana, onde os rebeldes passaram os últimos anos.
A polícia despachou reforços para Les Cayes, terceira maior cidade do país, para conter uma aparente rebelião. Essa cidade fica a sudoeste da capital, o que indica que a revolta iniciada no norte pode estar se espalhando. O líder rebelde Guy Philippe, ex-chefe de polícia demitido sob suspeita de tramar golpes, voltou de seu exílio na República Dominicana e diz que agora seus homens cercam a capital, aguardando ordens para o ataque. Ele diz que pretende celebrar seu 36º aniversário, no domingo, já em Porto-Príncipe.
Aristide prevê um banho de sangue se os rebeldes entrarem na capital e pediu ajuda internacional. Os rebeldes já controlam Cap Haitien, a segunda maior cidade do país, e Gonaives, a quarta.
– Gostaria de dizer a Guy Philippe e a seu bando de criminosos que Porto-Príncipe não é Gonaives nem Cap Haitien. Eles dizem que estão vindo. Então vamos esperar por eles – disse Sony Joseph, seguidor de Aristide, cercado por homens fortemente armados perto do Palácio Nacional.
Na manhã de sexta, dezenas de simpatizantes do presidente ocuparam os arredores do palácio, um edifício branco protegido por grades de ferro, e bloquearam as ruas próximas com contêineres de carga e de lixo. Gangues armadas, leais ao presidente, saíram às ruas de madrugada queimando pneus e carros. Homens mascarados interrogaram motoristas e gritavam "cinco anos", em alusão ao mandato de Aristide, um ex-padre que já foi visto como o herói da democracia haitiana.
Pela primeira vez, os Estados Unidos questionaram a capacidade de ele chegar ao fim de seu mandato. O secretário de Estado norte-americano Colin Powell pediu a Aristide que avalie se ainda pode governar de forma efetiva. Mais de 60 pessoas já morreram na revolta neste país de 8 milhões de habitantes, o mais pobre das Américas. A rebelião começou em 5 de fevereiro em Gonaives.
Uma saída pacífica parece improvável. Nesta semana, a oposição política rejeitou um acordo que previa a divisão do poder e insistiu na renúncia de Aristide. A Comunidade Caribenha pediu à Organização das Nações Unidas (ONU) que envie tropas ao Haiti, mas o Conselho de Segurança disse que isso só vai acontecer se governo e oposição aceitarem dividir o poder.
Estrangeiros e haitianos fogem do país há vários dias, mas isso está cada vez mais difícil. Na quinta, a American Airlines disse que suspendeu os seus cinco vôos diários dos EUA para o Haiti. São antigos os desentendimentos entre Aristide e seus opositores, que o acusam de abusus de direitos humanos e de corrupção depois das eleições de 2000, que foram consideradas uma fraude.
As informações são da agência Reuters.
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