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Promotores israelenses estão analisando se devem ou não indiciar o primeiro-ministro Ariel Sharon, depois que um tribunal acusou nesta quarta, dia 21, um empresário de tentar suborná-lo no fim da década de 1990, segundo o Ministério da Justiça. Uma fonte disse que os promotores vão decidir dentro de alguns meses se Sharon deve ser incluído nas acusações contra seu filho, Gilad, e contra o vice-premiê, Ehud Olmert.
– O Ministério Público vai levar de algumas semanas a alguns meses para decidir se apresentará ou não denúncia contra Sharon, Olmert e Gilad no caso da ilha grega – disse a fonte, referindo-se a uma transação imobiliária suspeita.
– Há 50% de chance de que os promotores indiciem Sharon – disse Moshe Negbi, analista jurídico da Rádio Israel, acrescentando que nesse caso Sharon teria de deixar o poder.
Os porta-vozes de Sharon e Olmert não comentaram o assunto. Um tribunal israelense indiciou o empreendedor imobiliário David Appel nesta quarta por tentar subornar Sharon quando ele era chanceler. A oposição reagiu imediatamente pedindo a renúncia do premiê. Sharon, 75, um ex-general de direita, nega qualquer irregularidade na série de escândalos, que ao menos por enquanto não abalaram sua popularidade. Mas os problemas jurídicos podem diminuir sua autoridade na hora de negociar um acordo de paz com os palestinos.
Analistas dizem que o indiciamento de Appel sem dúvida mancha a imagem de Sharon, mas não representaria uma ameaça imediata a seu mandato, porque os promotores não apresentaram provas mostrando que ele aceitou o dinheiro em troca de favores.
O indiciamento de Appel diz que ele pagou mais de US$ 2,6 milhões de dólares na tentativa de conseguir a ajuda de Sharon e de Olmert, então prefeito de Jerusalém, nas suas negociações imobiliárias. Promotores dizem que Appel contratou Gilad Sharon como consultor para a compra de um resort em uma ilha grega. O filho de Sharon teria recebido grandes somas para convencer seu pai a promover a transação, que afinal não foi concluída.
Segundo o indiciamento, o dinheiro de Appel era entregue diretamente a Gilad ou à fazenda Shikmim, de propriedade do primeiro-ministro. Appel, que nega as acusações, é amigo da família Sharon e costuma se envolver nas campanhas de arrecadação do partido governista Likud. Esse indiciamento foi fruto de complicadas investigações sobre o financiamento das campanhas políticas de Sharon antes que ele fosse eleito primeiro-ministro, há três anos.
Um porta-voz da oposição trabalhista disse que o partido pode propor uma moção de desconfiança contra o governo no Parlamento, onde os partidos religiosos e direitistas da coalizão governista têm maioria. A fonte política ligada ao governo disse que o Partido Trabalhista está tentando se aproveitar do indiciamento de Appel.
– É claro que isso enfraquece Sharon. Mas como eles [os investigadores] transferem as acusações de Appel para Sharon? Este não é um golpe letal para Sharon – disse Shmuel Sandler, cientista político da Universidade Bar Ilan.
Pesquisas recentes mostram que a maioria dos israelenses acha que Sharon deveria renunciar se ficar provado que cometeu irregularidades.
– A evidência circunstancial é muito problemática para Sharon. Mas, por enquanto, nada aconteceu. Precisamos lembrar que essas coisas levam anos, e podemos ter outra eleição [prevista para até 2007] antes que o processo termine – afirmou outro cientista político, Abraham Diskin, da Universidade Hebraica.
Com informações da Agência Reuters.
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