O norte-americano encarregado de governar o Iraque, Paul Bremer, discutiu nesta sexta, dia 16, em Washington, as objeções do principal clérigo do Iraque aos planos dos Estados Unidos (EUA) de devolver a soberania aos iraquianos sem realizar eleições.

As conversas de Bremer com o presidente norte-americano, George W. Bush, e o secretário de Estado, Colin Powell, devem se concentrar em possíveis mudanças nos planos dos EUA para a transição de poder no Iraque.

Nesta segunda, dia 19, Bremer viaja para Nova York com membros do Conselho de Governo do Iraque, escolhidos pelos EUA. Eles se reunirão com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, para pedir a participação da entidade no processo de transição. O mais importante clérigo xiita do Iraque, aiatolá Ali al-Sistani, se recusa a dar apoio ao plano norte-americano. Os EUA querem que conselhos regionais escolham um governo interino, que seria empossado em junho.

Sistani diz que com o plano dos EUA não será colocada no poder uma autoridade legítima e aceitável para a maior parte dos iraquianos. O clérigo prevê que se não forem realizadas eleições transparentes, aumentariam as tensões e a violência no país.

Dezenas de milhares de simpatizantes de Sistani realizaram uma passeata na cidade de Basra, no sul do Iraque, na quinta, dia 14, para protestar contra os EUA. Um assessor dele disse à Reuters que, se o clérigo rejeitar formalmente a transição elaborada pelos EUA, os iraquianos a rejeitarão também.

Para o governo norte-americano, o Iraque não está preparado para realizar eleições. O Conselho de Governo do país diz que um eventual pleito adiaria a entrega do poder aos iraquianos. Além disso, a pressão exercida pelos curdos para controlar uma parte maior do norte do país está dificultando a vida dos EUA. Com informações da agência Reuters.