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O aquecimento global pode provocar o fim de um quarto das espécies de plantas e animais do planeta até 2050, representando um número próximo a um milhão. Seria uma das maiores extinções em massa desde os dinossauros, segundo um estudo internacional. O relatório da ONU, apresentando espécies ameaçadas que vão de borboletas australianas a águias espanholas, mostrou a necessidade de que o mundo apóie o Protocolo de Kyoto, que visa diminuir a emissão de poluentes responsáveis pelo aumento da temperatura.
O alerta foi feito por Chris Thomas, professor de Conservação Biológica na Universidade de Leeds, na Grã-Bretanha. Thomas, principal autor do estudo publicado na revista Nature, disse que as emissões de carros e fábricas podem, até o fim do século, elevar as temperaturas aos maiores níveis já atingidos em até 30 milhões de anos.
A pesquisa, a maior desse tipo já realizada, estudou o impacto do aquecimento sobre 1.103 espécies de plantas,
mamíferos, aves, répteis, anfíbios e insetos
na África do Sul, no Brasil, na Europa, na Austrália, no México e na Costa Rica. A partir daí, os resultados foram extrapolados até 2050. A pesquisa não investigou os oceanos.
Lee Hannah, co-autor do estudo, afirma que a mudança climática é a maior das novas ameaças de extinção. Segundo ele, muitas espécies simplesmente não conseguiriam se adaptar aos novos habitats nem poderiam migrar deles. Entre as espécies ameaçadas estão muitas árvores da Amazônia, a águia imperial espanhola e um lagarto australiano. Aves que hoje vivem na Escócia, por exemplo, só sobreviveriam se migrassem para a Islândia.
Estudos da ONU estimam que a temperatura média do planeta vai aumentar entre 1,4 e 5,8 graus Celsius até 2100, especialmente por causa das emissões de dióxido de carbono. O calor pode provocar inundações, secas e tornados.
Thomas lembrou que vários cientistas argumentam que algumas espécies já conseguiram, no passado, se adaptar a rápidas mudanças
climáticas, como aconteceu ao final da última
Era Glacial. Mas ele afirmou que os humanos assumiram o controle sobre o que acontece no planeta, o que torna tudo mais complicado desta vez.
Klaus Toepfer, chefe do Programa Ambiental da ONU, disse que o relatório mostra que as extinções podem atingir bilhões de pessoas, especialmente no Terceiro Mundo, onde há maior dependência da natureza para conseguir comida, abrigo e remédios.
Thomas disse que o estudo estimou que entre 15 e 37% de todas as espécies seriam extintas por causa do aquecimento global até 2050, sendo que 24% é a estimativa mais confiável. Contra isso, ele pediu investimentos em tecnologias energéticas mais limpas. O Protocolo de Kyoto, que prevê a redução das emissões de dióxido de carbono, só vai valer se for ratificado por países que respondam por pelo menos 55% de tais emissões.
Os Estados Unidos, que emitem 36% do CO2 mundial, se retiraram do Protocolo. Agora, é necessário que a Rússia, responsável por 17% das emissões, o
ratifique, mas o Kremlin ainda não tomou
uma decisão.
Com informações da agência Reuters.
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