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O presidente da Bolívia, Gonzalo Sánchez de Lozada, reconheceu na quinta, dia 16, sua responsabilidade como chefe de Estado pelas dezenas de mortes nos protestos que exigem sua renúncia, mas reiterou que vai continuar no cargo. Numa entrevista ao Grupo Latino-Americano de Rádio, Sánchez de Lozada, cujo mandato vai até 2007, descartou a possibilidade da formação de um governo de transição e responsabilizou o ''narco-sindicalismo'' por fomentar a pior revolta popular em 21 anos de democracia no país.
Nas últimas quatro semanas, 74 pessoas morreram em consequência dos confrontos entre manifestantes e polícia, segundo a Assembléia Permanente dos Direitos Humanos da Bolívia, a principal entidade de defesa dos direitos humanos do país.
– Não assumo a responsabilidade por atos de vandalismo, mas a responsabilidade pelos mortos sempre é do presidente – declarou Lozada na entrevista, transmitida no México pela rádio Televisa.
– Nesse sentido tenho que assumi-la (a responsabilidade), mas em nenhum outro sentido, porque foram ataques contínuos e vandalismo, e nos vimos obrigados a manter a ordem e o cumprimento da Constituição – acrescentou.
Segundo a Assembléia Permanente dos Direitos Humanos, quase 200 pessoas ficaram feridas nos protestos, a grande maioria por tiros. As passeatas, manifestações e bloqueios de estradas começaram em protesto contra a possibilidade de a Bolívia exportar gás através de um porto chileno, mas rapidamente evoluíram para a exigência da renúncia de Sánchez de Lozada.
– Não posso renunciar porque isso significaria o fim da democracia na Bolívia e, provavelmente, a desintegração do país – afirmou o presidente.
– Tenho esperanças de poder superar essa situação e restabelecer a ordem constitucional – disse.
Em La Paz, centro das manifestações, milhares de cidadãos faziam estoque de alimentos se antecipando a novos distúrbios, e uma lenta distribuição de gás de cozinha e combustível começava a ser retomada.
O presidente disse que esperava não ter de usar a força para reprimir novos protestos.
– Espero que não seja necessário. Vamos ter que manter a ordem, proteger os direitos humanos, porque é um abuso, ninguém pode circular, as lojas são extorquidas para financiar essas passeatas – disse.
Sánchez de Lozada afirmou também ter certeza de que os militares bolivianos permanecerão leais à democracia e descartou a idéia de um governo de transição.
As informações são da Agência Reuters.
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