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Sob temor de novos ataques, Nova York lembra o 11 de setembro

Departamento de Estado dos EUA alerta para novas ações da Al-Qaeda

Sinos repicaram por toda a Nova York e quatro minutos de silêncio foram observados nesta quinta, dia 11, em uma emotiva cerimônia para lembrar os 2.792 mortos dos atentados contra o World Trade Center, no dia 11 de setembro de 2001, quando dois aviões seqüestrados foram lançados contra as torres gêmeas de 110 andares.

Uma cerimônia solene marcou a data no local hoje conhecido como Marco Zero, onde ficavam os prédios. O Departamento de Estado recomendou cautela aos norte-americanos no Exterior devido às crescentes indicações de que a rede Al-Qaeda, responsabilizada pelos atentados de 2001, planeja ataques "ainda mais devastadores".

A cerimônia de Nova York durou mais de três horas e foi acompanhada por milhares de parentes das vítimas, alguns segurando flores e retratos de seus entes queridos. Muita gente chorou ao som das gaitas de fole. Uniformizados, bombeiros e policiais também compareceram.

Junto à cratera aberta pela destruição, filhos de vítimas leram a lista dos mortos. Aos pares, as crianças subiam em um palanque para ler os nomes, por vezes tropeçando na pronúncia. Algumas delas vestiam trajes formais. Cerca de 3 mil crianças ficaram órfãs por causa do atentado.

– Hoje novamente somos uma cidade enlutada. Viemos aqui para honrar aqueles que perdemos e para lembrar este dia com pesar – disse o prefeito Michael Bloomberg. – Mas também lembramos com orgulho, e disso vem a nossa resolução de seguir adiante.

Em seguida, citando o poema The Names, escrito por Billy Collins para perpetuar o episódio, Bloomberg disse:

– Tantos nomes, mal há espaço nas paredes do nosso coração.

Os sinos tocaram e o silêncio se fez às 8h46min (9h46min em Brasília), o momento exato em que o primeiro avião atingiu o WTC. A cena se repetiu às 9h03min, o momento da segunda colisão, e novamente às 9h59min e às 10h29min, quando as torres gêmeas desabaram, há dois anos.

Em Washington, o presidente George W. Bush compareceu a uma cerimônia que homenageou as vítimas de Nova York e também as dos outros dois atentados daquele dia – um terceiro avião seqüestrado foi atirado contra o Pentágono, deixando 189 mortos, e o quarto caiu na Pensilvânia, matando 44 pessoas, depois que os passageiros se rebelaram contra os militantes suicidas.

– Lembramos das vidas perdidas. Lembramos os feitos heróicos. Lembramos a compaixão, a decência de nossos co-cidadãos naquele terrível dia – afirmou Bush após culto religioso perto da Casa Branca.

– Oramos pelos maridos e esposas, mães e pais, pelos filhos e filhas e pelos entes queridos.

Em Shanskville, Pensilvânia, também houve toque de sinos às 10h06min, marcando o momento da queda do quarto avião. Os ocupantes daquele vôo receberam postumamente a Medalha de Ouro do Congresso.

– Incontáveis vidas inocentes foram salvas por esses corajosos passageiros – disse o líder democrata no Senado, Tom Daschle, numa cerimônia no Capitólio.

Em Nova York, o ex-prefeito Rudolph Giuliani, aclamado por seu empenho após o atentado, evocou o espírito combativo de Winston Churchill, o premiê que conduziu os britânicos à vitória na Segunda Guerra Mundial.

– [Ele] sempre acreditou, e nós acreditamos, que as pessoas que vivem com liberdade têm uma razão de viver, uma razão para lutar e até uma razão para morrer.

No Pentágono, perto de Washington, 20 mil funcionários civis e militares ficaram em silêncio às 9h37min, lembrando o momento em que um avião se chocou contra o prédio que simboliza o poderio militar da superpotência.

Tantas cerimônias, porém, não escondem as polêmicas abertas pelo atentado. Alguns parentes das vítimas se opõem aos planos de reconstrução no Marco Zero, e outros criticam o fato de a tragédia ter sido utilizada como pretexto para as guerras no Afeganistão e no Iraque. Além disso, muitos nova-iorquinos ainda temem a ocorrência de novos ataques.

Em Genebra, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, ofereceu condolências às famílias das vítimas e cobrou maior cooperação internacional no combate ao terrorismo.

 
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