| 08/11/2010 01h28min
São Paulo – Esta é a torcida mais animada do mundo. Seria especial vencer aqui e ouvir a vibração – disse o alemão Sebastian Vettel, minutos antes de entrar definitivamente no carro para vencer o GP do Brasil, disputado ontem, em Interlagos, e que terminou mantendo o espanhol Fernando Alonso na liderança do campeonato.
Com o companheiro de Red Bull, o australiano Mark Webber, em segundo e o espanhol Fernando Alonso, da Ferrari, em terceiro, a decisão do Mundial de Fórmula-1 ficou para o próximo domingo, em Abu Dhabi.
Cercado da emoção habitual, reconhecida por todos os pilotos, o GP do Brasil, realizado ininterruptamente desde 1973, é sempre a certeza de provas disputadas.
Desta vez, os pilotos brasileiros não foram protagonistas como nas últimas edições, mas a agitação começou já no sábado, quando o alemão Nico Hulkenberg, da Williams, companheiro de Rubens Barrichello conquistou a pole position ao brilhar em uma pista úmida com pneus para o piso seco.
Chamado prontamente de o Incrível Hulk, o jovem alemão viveu a emoção da pole ao máximo, desde a saída do carro até a largada. No entanto, como já estava previsto, a liderança não foi além da tomada de curva do S do Senna.
Vettel partiu com tudo e assumiu a ponta para não mais perdê-la. Webber foi no embalo e passou em seguida. Estava recolocada a lógica no GP do Brasil.
Sabendo da necessidade de terminar na frente de Webber, Alonso foi para o ataque em cima do surpreendente Hulkenberg. Este foi um dos melhores pegas da prova de Interlagos. O piloto da Williams resistiu bravamente, mas foi superado na sexta volta.
Com problemas no treino de classificação de sábado, Felipe Massa, da Ferrari, em nono no grid, arriscou uma mudança na estratégia de corrida, parando logo no início para fazer a obrigatória troca de pneus, assim como decidiu fazer o inglês Jenson Button, da McLaren.
Teria dado certo. No entanto, a Ferrari errou feio no pit stop. Com uma roda dianteira mal apertada, o brasileiro teve de retornar aos boxes. O dia estava perdido. Para completar, na parte final da corrida, Massa ainda seria jogado para fora da pista pelo suíço Sebastien Buemi, da Toro Rosso. Ficou apenas em 15º, uma posição atrás de Rubens Barrichello.
Alonso poderia terminar o GP do Brasil com seu terceiro título. Com vitória e tropeços da Red Bull e de Lewis Hamilton, da McLaren, o espanhol garantiria o campeonato com uma prova de antecedência. Sempre atento e frio para calcular suas chances e as dos inimigos, Alonso estava em um dilema. Não poderia arriscar, para não perder sua grande vantagem sobre Webber. Por outro lado, não poderia acabar a corrida atrás do australiano. Por um motivo muito simples: a última etapa é amplamente favorável à Red Bull. Uma dobradinha da equipe austríaca, com Vettel em segundo, garante o título para Webber, independentemente da posição de Alonso.
Esse detalhe, fartamente conhecido por Alonso, explica por que o piloto da Ferrari tentou buscar Webber nas voltas finais do GP do Brasil. Agora, o bicampeão terá de torcer por uma corrida fora dos padrões em Abu Dhabi.
Apesar da posição invejável para conquistar seu primeiro campeonato, Webber não escondeu seu descontentamento por não ter vindo ontem uma ordem para troca de posições com o companheiro Vettel. Se vencesse, o australiano teria ficado a apenas um ponto de Alonso. A irritação do vice-líder da temporada ficou evidente na chegada. Enquanto o alemão passou lentamente junto ao muro para comemorar a vitória e o título de construtores próximo dos integrantes da equipe, Webber acelerou.
– Se trocássemos as posições, teria ajudado, mas essa não é a filosofia da nossa equipe. Foi uma boa prova do Vettel, e é assim que as coisas devem funcionar. O Alonso conseguiu ganhar mais pontos na Alemanha (porque Massa cedeu a vitória), mas essa é a filosofia deles.
Não tendo por quem torcer na corrida de ontem, o público das arquibancadas acabou aplaudindo a conquista de Vettel, talvez por não esquecer do GP de 2008. Naquela edição, o título ficou muito próximo de Massa quando o alemão ultrapassou Hamilton, abrindo a possibilidade para o brasileiro vencer o campeonato. Um pouco mais tarde, o alemão Timo Glock, da Toyota, não resistiu e perdeu a quinta posição para o inglês a 500 metros da bandeirada.
Pelo jeito, e também pelo carisma e pela simpatia do jovem talento alemão, a torcida não o esqueceu.
daniel.dias@zerohora.com.br
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