| 05/11/2010 02h50min
Há espinhos na transição entre a atual e a futura administração do Grêmio. A manifestação do técnico Renato Portaluppi nos microfones minutos após a vitória contra o Goiás, irritado com o vazamento de informações sobre contratações e possíveis dispensas, provocou reação da direção que assumirá o clube em 2011.
Com a autoridade de quem recolocou o time nos trilhos, Renato referiu-se a quem fala muito e mandou que calasse a boca, pondo fim a uma guerrinha de vaidade. Mesmo que não citasse nomes, o recado é endereçado aos novos dirigentes. Há quem leia nisso um aviso de que Renato não pretende seguir no clube no próximo ano.
Paulo Odone reagiu. Disse que, ao falar sobre o coordenador de preparação física Paulo Paixão, que poderia deixar o clube no próximo ano, diz ter ouvido que o próprio Renato é quem gostaria de colocar seu auxiliar técnico Alexandre Mendes na função.
– Não sei a quem ele se refere. Não vou vestir a carapuça. Não posso entender como um recado para nós. Não vou receber nem ordem, nem apelo de funcionário – disse Odone.
Martins diz que declaração de Renato foi inadequada
Com posse marcada para dezembro, Odone se diz um torcedor, que não pretende atrapalhar a caminhada rumo a uma vaga na Libertadores. Ao comentar a afirmação em que Renato recomenda aos dirigentes para que deixem para agir nas férias dos jogadores, é enfático:
– Vamos agir quando bem entendermos.
Futuro vice de futebol, Antônio Vicente Martins nem precisou ouvir a entrevista para conhecer seu teor. Informado por telefone pelos assessores César Cidade Dias e José Simões, condenou as declarações do treinador. Ontem pela manhã, também por telefone, abordou o assunto em rápida conversa com o presidente eleito Paulo Odone.
– Foi uma declaração inadequada quanto à forma e ao mérito. Fomos eleitos para trabalhar e executar o planejamento para o ano seguinte. Cada um tem sua atribuição. A nossa, é dirigir o clube. A do treinador, é treinar – avaliou Vicente Martins.
O dirigente dá o assunto por encerrado. Afirma que tudo que a nova direção fez até agora foi manter contatos com executivos e com o próprio Renato Portaluppi. Hoje, ele tem reunião agendada com Gerson Oldenburg, procurador do treinador.
Há discordância também na área financeira. Conselheiros ligados à próxima direção reclamam que receberão o clube somente com a verba proveniente do quadro social. Receitas de televisão e de patrocinadores, como Banrisul e Puma, já teriam sido antecipadas, o que deixa o caixa com R$ 28 milhões a menos para começar a próxima temporada.
Temem, da mesma forma, que um empréstimo de 5 milhões de euros, obtido junto a um fundo de investimentos inglês para pagar salários, férias e 13º, comprometa em excesso as finanças para 2011.
Atual vice de finanças, Irany Sant’Anna Jr. defende-se com o argumento de que o Condomínio de Credores está quitado e os investidores retornaram ao clube, a partir da retomada da credibilidade por parte da gestão Duda Kroeff.
luis.benfica@zerohora.com.br
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