Porto Alegre – Há espinhos na transição entre a atual e a futura administração do Grêmio. A manifestação de Renato Portaluppi nos microfones minutos após a vitória contra o Goiás, irritado com o vazamento de informações sobre contratações e possíveis dispensas, provocou reação da direção que assumirá o clube em 2011.

Com a autoridade de quem recolocou o time nos trilhos, Renato referiu-se a “quem fala muito” e mandou que “calasse a boca”, pondo fim a uma “guerrinha de vaidade”. Mesmo sem citar nomes, o recado é dirigido aos novos dirigentes. Há quem leia nisso um aviso de que Renato não pretende seguir no clube no próximo ano.

Paulo Odone vai além. Ao falar sobre o coordenador de preparação física Paulo Paixão, que poderia deixar o clube no próximo ano, diz ter ouvido que o próprio Renato é quem gostaria de colocar seu auxiliar técnico Alexandre Mendes na função.

– Não sei a quem ele se refere. Não vou vestir a carapuça. Não posso entender como um recado para nós. Não vou receber nem ordem, nem apelo de funcionário – disse Odone.

Com posse marcada para dezembro, Odone se diz um torcedor, que não pretende atrapalhar a caminhada rumo a uma vaga na Libertadores. Ao comentar a afirmação em que Renato recomenda aos dirigentes para que deixem para agir nas férias dos jogadores, é enfático:

– Vamos agir quando bem entendermos.

Futuro vice de futebol, Antônio Vicente Martins nem precisou ouvir a entrevista para conhecer seu teor. Informado por telefone pelos assessores César Cidade Dias e José Simões, condenou as declarações do treinador. Ontem pela manhã, também por telefone, abordou o assunto em rápida conversa com o presidente eleito Paulo Odone.

– Foi uma declaração inadequada quanto à forma e ao mérito. Fomos eleitos para trabalhar e executar o planejamento para o ano seguinte. Cada um tem sua atribuição. A nossa, é dirigir o clube. A do treinador, é treinar – avaliou Vicente Martins

O dirigente dá o assunto por encerrado. Tudo que a nova direção fez até agora foi manter contatos com executivos e com o próprio Renato Portaluppi.