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Esportes  | 26/10/2010 06h31min

Mirando a Copa, Lucas quer “reconquistar” Mano: “ele está conhecendo um jogador diferente”

Três anos depois de ser comandado pelo técnico no Grêmio, volante do Liverpool quer aproveitar as chances na Seleção

Lucas Rizzatti  |  lucas.rizzatti@zerohora.com.br

Toda a semana, clicEsportes conversa com ex-jogadores da dupla Gre-Nal que hoje brilham em gramados distantes do Rio Grande e do Brasil. Depois de Carlos Eduardo e Sandro, a série prossegue com Lucas, ex-volante do Grêmio, atualmente no futebol inglês. 


Depois de Porto Alegre testemunhar a histeria dos beatlemaníacos por um ingresso para o show de Paul McCartney, pode soar como desatino alguém se dizer cansado de visitar o museu dos Beatles, em Londres. Mas a brincadeira de Lucas mostra o quanto o volante do Liverpool está adaptado à terra do Fab Four, três anos e meio depois de deixar o Grêmio, com o fim da Libertadores de 2007.

Aos 23 anos, Lucas está com os pés firmes na Inglaterra, enraizados no meio-campo titular do Liverpool. Lá, na terra do céu cinzento e inimiga do sol, seu pensamento voa diariamente para o Brasil, de clima tropical e com uma Copa a ser sediada, em 2014. O ex-volante do Grêmio tem sido presença constante nas convocações de Mano Menezes. Como todo o jogador de futebol, Lucas comemora a sequência na Seleção: 

— Com o Dunga, em quatro anos, fui convocado muitas vezes, mas joguei em quatro oportunidades. Agora, com o Mano, em três convocações, já fui titular em três jogos — compara, admitindo que, mesmo com o fechado grupo do antigo técnico, sonhava em ir à África do Sul. — Hoje, é um recomeço. Não só para mim, para todos. Quero aproveitar cada momento.

Velhos conhecidos de Grêmio, clube em que partilharam as agruras de uma Segunda Divisão e estiveram muito perto de tocar a América, Mano e Lucas têm na Seleção uma nova chance de se reencontrarem. Para o volante, significa mais do que isso. É uma oportunidade de “reconquistar Mano, três anos depois”. 

— Quero mostrar a ele que posso ser útil. O Mano está conhecendo um Lucas diferente.

Titular do Liverpool neste início de quarta temporada, Lucas não se esquece dos seis meses iniciais de clube, quando tudo era novo. Mesmo assim, os principais obstáculos estavam dentro de campo, no estilo inglês de se jogar futebol. A velocidade da partida incomodava o volante, que precisou desenvolver habilidades antes adormecidas para conseguir angariar a confiança dos ressabiados fãs dos Reds. 

— O futebol inglês exigiu que eu aprimorasse profundamente a minha forma de marcação. Hoje, sou um jogador mais defensivo. A parte ofensiva, que eu desenvolvia muito no Grêmio, eu também não perdi — ressalta Lucas, confiante que essa bagagem obtida em terras alheias possa lhe garantir um futuro promissor na Seleção. 

— O papel que exerço no clube é muito parecido com o que faço na Seleção. Isso facilitou muito o entrosamento e a adaptação às ideias do Mano. Funciono como um desafogo para os meias e laterais, com uma saída de jogo qualificada. Uma válvula de escape.

Apesar das conquistas individuais, Lucas acompanha uma convulsão fora dos gramados no Liverpool, devido à venda do clube por 300 milhões de libras (mais de R$ 700 milhões) ao New England Sports Ventures (NESV). Se antes a torcida já estava brava com os antigos donos pela gestão turbulenta, ficou ainda mais irada com o fato de eles estarem emperrando a transação. Aliado às polêmicas políticas, o resultado em campo também não satisfaz o fã. Com nove pontos em nove jogos, o Liverpool chafurda na 18ª posição da Premier League, a duas colocações da lanterna. Por esses mais do que justificados motivos, Lucas prefere não pensar em sair do clube tão cedo. 

— O foco é aqui — diz. — A pressão dentro e fora de campo é grande. Aos jogadores, não cabe outra missão a não ser dar a resposta nos gramados.

Com mais um ano e meio de contrato, o volante marca para janeiro, quando se escancara a janela de transferências, uma data propícia para negociar. Uma volta ao Brasil? Não agora, pelo menos. Mesmo que um retorno ao seu país esteja permanentemente nos planos do jogador. 

— Claro que penso em voltar a jogar no Brasil, todo mundo pensa — diz o sul-mato-grossense Lucas, que tem no futebol gaúcho a identificação que promete jamais esquecer: 

— O que levo do Grêmio é o carinho e o respeito pelo clube.

Mesmo com a volta em definitivo postergada para um futuro remoto, uma das viagens que Lucas planeja fazer para o Brasil já tem data, 2014. Só falta Mano, o homem a ser “reconquistado”, lhe estender o ingresso. Lucas já está na fila, na expectativa. Como um autêntico fã de Paul.


Fotos: Divulgação e Ricardo Duarte

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