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 | 02/10/2010 14h11min

Votar faz parte da transformação da minha vida, diz interno da Fase

Distribuídos em 16 unidades, cerca de 300 internos da fundação votam pela primeira vez no Estado neste domingo

Guilherme Mergen  |  guilherme.mergen@zerohora.com.br

Condenado por um assalto cometido no início do ano passado em Alvorada, na Região Metropolitana, o jovem R.M., 19 anos, acompanhou atenciosamente a campanha eleitoral na TV de dentro da unidadade da Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase) na Vila Cruzeiro, em Porto Alegre.

— Agora, a política, especialmente a eleição, virou assunto aqui dentro — conta.

O novo assunto nas discussões do centro é reflexo de uma mudança histórica no Estado. Pela primeira vez desde a criação da Fase, internos comparecerão às urnas neste domingo. Cerca de 300 dos 950 jovens que cumprem medidas socioeducativas no Rio Grande do Sul votarão em urnas distribuídas nas 16 unidades — seis na Capital e 10 no Interior.

Para viabilizar a votação, servidores do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RS) realizaram um mutirão entre abril e maio e confeccionaram os títulos dos menores com direito a voto. Na unidade da Vila Cruzeiro, 48 internos votarão. Até o dia 5 de maio, data limite para encaminhar a documentação, 80 estavam aptos a participar das eleições. No entanto, 32 deles deixaram o local nos últimos meses.

Há dois anos à frente do centro, o diretor Jacob Lunardi Baumgartner acredita que a possibilidade de os jovens infratores votarem representa um ganho de cidadania. Segundo ele, o TRE-RS e o Ministério Público encaminharam materiais com orientações sobre o processo eleitoral e justificativas de por que votar.

— Eles (internos) estão bastante motivados. São protagonistas de um processo que começa agora no Rio Grande do Sul — afirma.

"Votar faz parte da transformação da minha vida"

Internado na unidade da Fase da Vila Cruzeiro há um ano e dois meses, o jovem R.M votará pela primeira vez deste domingo. Ele ajudará a escolher os governantes que comandarão o Brasil e o Estado justamente a partir do período que deixará a Fase, na tentativa de iniciar uma nova vida. O jovem ganhará a liberdade em fevereiro de 2011, um mês após a posse dos eleitos no pleito. De dentro do centro, ele falou com zerohora.com.

ZH: Está pronto para votar, com o voto decidido?

R.M.: Estou preparado sim. Eu diria que consicente. Conversei com os meus pais para saber a opinião deles e estou analisando (aos fins de semana, ele tem o direito de ir para casa). Estou praticamente decidido.

ZH: Como você decidiu? Acompanhou a campanha na TV?

R.M.: Acompanhamos a campanha eleitoral na TV aqui dentro quase todas as noites. Vou tomar decisão com base no que vi e na opinião dos meus pais, já que eles são experientes e estão lá fora. Puderam acompanhar mais de perto.

ZH: O que significa para ti poder votar, mesmo apreendido em um centro?

R.M.: Me sinto bem por poder dar uma opinião, um voto. Aliás, a minha opinião, o meu voto. Votar faz parte da transformação da minha vida.

ZH: Dentro do centro, vocês, internos, comentam sobre as eleições, o voto?

R.M.: Conversamos por causa dos programas eleitorais. É um assunto novo aqui. Mas, como não é todo mundo que vota, ainda não é um assunto recorrente. Claro que há uma expectativa muita grande por parte que quem vai votar.

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