| 24/09/2010 07h12min
Ele estava quieto, na condição de magistrado, apenas observando os lances dos movimentos que compõem a situação no Beira-Rio. Mas agora não dá mais.
O vice de futebol Fernando Carvalho percebeu que o clima é de radicalização total no chamado baixo clero das pré-candidaturas à presidência de Giovanni Luigi e Pedro Affatato.
E admite: está com medo do que poderá acontecer com o Inter em caso de racha da situação.
— O Inter passou a vencer com a unidade dos grupos de situação. Se voltar aquela brigalhada de antes, a credibilidade vai para o espaço. Aí os investidores, os sócios, os jogadores podem se afastar. Ou não se aproximar como antes — desabafou Carvalho sobre a eleição dos dias 8 de novembro (primeiro turno) e 4 de dezembro (segundo turno). — Sem acordo, não se governa um clube das dimensões que o Inter assumiu. Vira um inferno.
O desabafo de matizes dramáticos de Carvalho faz sentido. No seu primeiro ano como presidente, em 2002, ainda sem a aliança que hoje comanda o Inter, o clube quase caiu para a segunda divisão. A salvação veio na última rodada, contra o Paysandu, em Belém, numa tarde de domingo que os colorados têm calafrios só de lembrar. A bonança de títulos veio a partir da paz política. Daí, o medo.
Esta semana, a troca de e-mails entre os movimentos que disputam a candidatura da situação aumentou muitos decibéis.
Carvalho leu um punhado deles e se espantou. A proposta de um ceder para o outro — Luigi e Affatato — a cabeça de chapa para 2011/2012 com garantias expressas de ser apoiado no biênio 2013/2014 já passou do banco de reservas para quase saindo da relação dos concentrados.
Por isso, Carvalho e Piffero tentarão um último e candente apelo. Já que o baixo clero não se acerta, os cardeais irromperão na basílica para salvar a encíclica.
O Coração Colorado, um dos quatro movimentos da situação (veja o quadro), dono de 30 cadeiras no Conselho Deliberativo e fiel da balança para decidir a eventual passagem de um candidato ao segundo turno (voto dos sócios), emitiu um sinal ontem.
Se somará a Luigi, preferido de Carvalho. Somado às 90 cadeiras do Inter Grande, são 120 votos no colegiado de 300. A cláusula de barreira no Conselho é 25%. A oposição não irá lançar candidato a presidente.
— Enchi o saco desta brigalhada toda. Preferimos o acordo, mas se ele não vier, teremos lado na disputa — avisou Moura.
— Creio no acordo. Vamos sentar e conversar — afirmou Affatato, esquivando-se de afirmar se um dos lados, ele ou Luigi, abriria mão da cabeça de chapa.
— Ainda há tempo. Está difícil, mas é possível — resumiu Luigi.
A fumaça branca ainda está longe no Beira-Rio.
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