| 12/08/2010 05h50min
Ouvi atentamente às entrevistas no vestiário encantado do Inter após a vitória soberba de virada sobre o Chivas por 2 a 1 no futurista estádio Omnilife, com certeza uma das mais espetaculares atuações de um time em final de Libertadores.
Tirando Renan, que falhou e outra vez viu luzir sua estrela luminosa para salvá-lo do inferno de ser o culpado por uma derrota crucial, ninguém jogou mal. Ao contrário: todos, sem exceção, pareciam espanhóis flanando na final da Copa do Mundo contra a Holanda.
Mas da estupenda e majestática atuação do Inter no México tudo já se disse. O que ninguém lembrou foi de algo que, lá atrás, no começo do ano, parecia um exagero: pagar R$ 7 milhões para ter a totalidade dos direitos de Giuliano. Isso mesmo: R$ 7 milhões. A maior pechincha colorada em 101 anos.
R$ 7 milhões é uma fortuna para os padrões brasileiros. Agora, após os gols decisivos e abençoados de Giuliano que lembram Escurinho nos anos 70, aquela ousadia ganha contornos de santidade. Ali o Inter começou a se aproximar do bi da América — que ainda não está ganho, vale lembrar: o futebol volta e meia prega peças em quem comete o pecado da soberba, e o Inter precisa se vacinar contra este mal.
Eis a grande diferença entre Inter e Grêmio, a diferença que faz o Inter disputar as finais e títulos importantes neste começo de milênio enquanto o rival da Azenha só lembra dos louros dos anos 90: o Inter investe. Busca parceiros fortes. Tem mais dinheiro. Gasta. Arrisca. Só colhe quem planta. Só acerta quem tenta, mesmo que erre várias vezes. Kléber Pereira? Erro. Giuliano? Acerto.
O Inter gastou R$ 7 milhões para contar com a totalidade de Giuliano. Parecia um delírio europeu, ainda mais quando Jorge Fossati o tirava do time e minava sua confiança. Agora Giuliano é o artilheiro da Libertadores.
O Inter também torrou R$ 3 milhões para comprar a outra metade de Andrezinho junto ao Nova Iguaçu, do Rio. E ele deu o passe para o gol qualificado de Giuliano em Quilmes, contra o Estudiantes. Antes, cobrou a falta na cabeça de Sorondo na vitória em casa por 1 a 0.
Aí está: com ousadia e construção de uma capacidade financeira agressiva para a média brasileira, o caminho das vitórias fica mais curto. O mérito da direção do Inter, que forjou o clube com força de investimento, é plena quando o bi da Libertadores está próximo. Mesmo que aconteça uma tragédia improvável no Beira-Rio, o presidente Vitorio Piffero e o vice Fernando Carvalho, a dobradinha de 2006 em cargos trocados, cumpriram a sua parte.
Não há como negar. Eles criaram a diferença atual entre Grêmio e Inter.
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