De férias no Brasil, Rubens Barrichello falou sobre a manobra polêmica de Michael Schumacher no Grande Prêmio da Hungria e sobre o comportamento do alemão nas pistas. Em entrevista exibida no programa Esporte Espetacular, da Rede Globo, o piloto brasileiro, que completará 300 GPs na Bélgica, comentou também seu passado na Ferrari e seu futuro na Williams.

Leia os principais tópicos da entrevista de Barrichello:

Ultrapassagem sobre Schumacher
– A atitude de um piloto nesse momento é que se você consegue pegar o vácuo como eu peguei, tirar do vácuo, tem uma vantagem de velocidade. Nesse momento falei "perdeu". Eu estava esperando ele fechar a porta muito antes. Quando ele disse depois da prova que tinha feito já a escolha de linha, estava errado. Ele estava no meio da pista. É muito difícil seguir colado. Na primeira vez tentei tudo na freada. Porque o pneu duas voltas atrás dele já não era mais o mesmo. Aí você não consegue dar o pé.

Defesa de Schumi e reclamações no rádio
– A minha escolha sempre seria a de dentro. Passar na Hungria pela esquerda acho que aconteceria da mesma forma porque eu ia frear para lá de Bagdá com pneu novo. Eu conseguiria ter mais aderência do que ele contornando a curva por fora. Mesmo lado a lado, se não há um toque, eu dava no pedal e o meu pneu estaria melhor. É notável que quando tem alguém atrás, você tem de escolher a linha. É por isso que vocês me ouviram no rádio reclamando porque o rádio do piloto vai direto para o Charlie Whiting, o diretor de prova. Queria que eles refletissem que a linha que ele tomou era tardia.

Duelo particular e personalidade do alemão
– Ele sempre foi muito duro e não esperaria nada diferente. Agora, quando você está por dentro e vem aquele carro vindo, vindo... Eu falei "opa, não vou parar". E aí fica aquela coisa, não era o Schumacher, era um ponto. Como piloto ele é sensacional, formidável! Como pessoa, vai ter de voltar diversas vezes para aprender o que é respeito ao próximo, o que é uma pessoa que sabe seus limites e onde tem de parar.

Pensamento no momento da fechada
– Uma coisa é a gente falar aqui, parece que foi uma eternidade. Mas o fato é que quando desviei na grama, já estava procurando a primeira marcha. No meio da grama, eu sujei o pneu. Sujando o pneu, como eu iria parar? Eu poderia ter feito a manobra toda bonita e ele passar de novo. Quando dá o salto e o carro cai no chão, é pezão no freio e coloco a primeira, numa curva de segunda. Meu carro fica "parado" e ele procura onde está, daí ele viu que não tinha jeito.

Momento atual na Fórmula 1
– Essa motivação toda é o amor pela velocidade. Eu passei muito tempo com coisas que não precisava, prestando atenção em companheiro de equipe. Hoje é uma coisa tão gostosa, consegui potencializar essa energia para o que eu gosto de fazer. Chegava o fim do ano, eu já queria férias. Agora, estou de férias mas não vejo a hora de ir para Spa, são 300 grandes prêmios. Não é a vontade de abraçar o mundo, mas de fazer as coisas contidas e colocar essa velocidade para fora.

Futuro na Williams
– É o caminho natural ficar lá. Eles estão fazendo o que nenhuma equipe está fazendo. Todas as equipes utilizaram meus serviços, mas nenhuma como a Williams está fazendo agora.

Recado para a torcida brasileira
– Nasci brasileiro e tenho muita sorte de ser brasileiro. Na Fórmula 1 muita gente esquece por que está lá. Mas eu estou lá há tanto tempo porque eu amo demais. Eu só agradeço a essa torcida. Quero ver no Brasil o povo gritando como sempre foi. Não acho que seja uma vitória aquela ultrapassagem. Estou lá para fazer a ultrapassagem. Calhou de ser em cima de quem foi. Não é vitória, valeu um décimo lugar. Não ganhei nada. Mas foi uma vitória pessoal porque mostrei que estava falando sério quando saí da Ferrari um ano antes. Isso para mim é página virada, na próxima corrida o que eu mais quero buscar é sempre a vitória.