O Inter festejou o empate sem gols no Gre-Nal. Sem rodeios. Depois do clássico, o técnico Celso Roth, o vice de futebol Fernando Carvalho e os jogadores admitiram: entraram em campo no Beira-Rio com o pensamento longe, na quinta-feira, no São Paulo. O próprio Roth havia se traído na sexta-feira, na última entrevista antes do Gre-Nal. Numa das tantas respostas, disse que "pensava no time para pegar o São Paulo". Na verdade, queria dizer Grêmio. Isso que um pouco antes, Roth e Carvalho haviam se reunido e decidido pela utilização de mais titulares do que o previsto no clássico. A dupla concluiu que, como o jogo da Libertadores seria só na quinta-feira, haveria tempo para deixar todos prontos outra vez.

— Eu mesmo, que sempre me angustio nas vésperas de Gre-Nais, perdi o sono a noite passada pensando no São Paulo, não no Grêmio — exemplificou o vice de futebol Fernando Carvalho.

Para a decisão na Libertadores, o Inter aposta em São Paulo com Dagoberto e Ricardo Oliveira na frente, e Fernandão como meia, abastecendo os dois — nesta formação, sobraria Marlos ou um zagueiro. A aposta é em um adversário ofensivo desde o começo do jogo. Neste aspecto, o Grêmio dos primeiros movimentos de ontem serve como exemplo.

— O Grêmio jogou com um esquema modificado, um 3-5-2 muito sólido, com todo mundo agindo ativamente. Quando acontece isso, fica difícil, vide o jogo com o São Paulo. Houve muito mais disposição física por parte do Grêmio — comparou Roth.

Ainda que tenha mantido a posse de bola em boa parte do jogo, o Inter deu mostras de desconcentração. A cada passe errado ou falha na marcação, Roth parecia estar próximo de um colapso nervoso à beira do gramado. Gesticulava, reclamava de erros coletivos e individuais, além de atirar os braços ao céu. Cobrava melhor futebol. Sofreu mais ontem do que contra o São Paulo.

— O certo é que não conseguimos repetir o desempenho técnico dos últimos cinco jogos. Isso é mérito do Grêmio. Mas foram os lances em que estávamos aéreos que me aborreceram. Tivemos sorte de não tomar um gol bobo.

O Inter volta aos treinos hoje e, na quarta-feira, embarcará para São Paulo. Se tudo der certo, e a equipe for para a decisão da Libertadores, a delegação deverá permanecer fora de casa por oito dias. No domingo, encara o Santos, na Vila Belmiro.

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