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 | 02/07/2010 06h10min

Confira cinco motivos para Brasil ou Holanda passarem para a semifinal

Seleção tem como pontos fortes a defesa, os contra-ataques e a precisão de Luis Fabiano

Foto: Arte em cima das fotos de Carl de Souza, Pedro Ugarte, Thomas Coex e Yuri Cortez, AFP

– Nenhum de nós tem medo do Brasil – disse ontem o meia holandês Sneijder ao jornal de seu país De Telegraaf. Respeitamos o time, mas isso é outra coisa. Espero que meus companheiros curtam tanto este duelo quanto eu. Vou aproveitar cada minuto. É por estas partidas que a gente joga. Queremos revanche para a derrota boba na Copa de 1998 – completou.

A declaração do camisa 10 da seleção laranja resume bem o tamanho da encrenca para o time de Dunga no Estádio Nelson Mandela Bay, em Port Elizabeth, às 11h desta sexta-feira: pela primeira vez nesta Copa, a Seleção terá pela frente um time disposto a vencer – e com capacidade para tanto, ao contrário do audacioso (alguns dirão ingênuo) Chile de Marcelo Bielsa.

Na verdade, duas seleções muito parecidas se enfrentarão na disputa por uma vaga nas semifinais. Brasil e Holanda são equilibrados em todos os setores e têm na velocidade do contra-ataque uma arma letal. As duas defesas só levaram dois gols no Mundial, e o Brasil marcou apenas um a mais do que o rival (oito contra sete).

Não se sabe quem é a melhor, mas uma coisa é certa: ambas são pragmáticas. Até na numeração os holandeses – que na época do Carrossel tinham o goleiro com a camisa 8 e Cruyff com a 14 – são quadrados: o time que entrará em campo hoje deve estar escalado do 1 ao 11.

Para desempatar esse choque de equipes práticas, sejamos práticos: listamos cinco motivos que podem levar a Seleção à vitória e cinco que podem adiar o sonho do Hexa, baseados no que Brasil e Holanda vêm fazendo na África do Sul e nas opiniões dos técnicos Tite, Silas e Cláudio Duarte.
 
O Brasil passa se...

1) Os contra-ataques forem mortais como de hábito. Robinho, Kaká e Luís Fabiano são um ataque rápido e definidor. Mesmo antes da Copa do Mundo, a Argentina sentiu desse veneno por duas vezes – em Londres (3 a 0 para o Brasil em amistoso em 2006) e Rosário (3 a 1 para a Seleção, ano passado, nas Eliminatórias). Nas oitavas de final, contra o Chile, o time de Dunga mostrou que tem na velocidade dos homens de frente uma arma mortal – a precisão de 80% dos passes do time brasileiro também colabora para fazer do contragolpe um sucesso.

Foto: ANTONIO SCORZA, AFP

2) A defesa comprovar que é das melhores do mundo. Com dois gols sofridos na África do Sul, a Seleção tem na zaga seu setor mais qualificado. Para o treinador Tite, Juan é disparado o melhor beque da Copa: faz a cobertura com perfeição, alia técnica a velocidade e não comete faltas desnecessariamente. À frente de Julio César, há uma segurança rara de se ver em uma Seleção Brasileira – e furar esse bloqueio pode exigir que a Holanda se abra. Se abrindo, deixe o Brasil jogar e encaixar seus famosos contra-ataques.

Foto: Antonio Scorza, AFP

3) Luís Fabiano seguir correspondendo. Vem fazendo os gols que precisa na Copa – marcou três, é um dos vice-artilheiros. Além disso, joga centralizado e isso pode ser uma vantagem. No jogo entre Holanda e Eslováquia, o eslovaco Vittek ficou sozinho na frente do gol por duas vezes, recebendo a bola entre os zagueiros exatamente como Luís Fabiano costuma receber dos meio-campistas brasileiros. Além disso, depois que marcou o primeiro gol, Fabuloso não vem sentindo a pressão da Copa do Mundo.

Foto: Martin Bernetti, AFP

4) A tradição pesar. As duas derrotas para o Brasil em Copas foram seguidas e há relativamente pouco tempo – ainda há dois remanescentes do grupo de 1998 na seleção da Holanda: Van Bronckhorst, titular, e Andre Ooijer, reserva. Cláudio Duarte não acredita que os holandeses tremam diante do Brasil, afinal, os integrantes das duas seleções jogam juntos nas ligas europeias.

_ Mas o Brasil sempre preocupa qualquer time que vá enfrentá-lo _ diz Claudião.

E a sede de revanche mencionada por Sneijder pode muito bem se transformar em nervosismo.

Foto: José Doval

5) Maicon seguir arrebentando. De longe o jogador mais acionado na Seleção, o lateral-direito já deu 290 passes nos quatro jogos – e acertou 81% deles. Em 59 ataques realizados pelo Brasil no Mundial, 23 foram por seu lado. Capaz de arrancadas fulminantes e gols como o primeiro do Brasil na Copa, contra a Coreia do Norte, o gaúcho deve travar um duelo feroz com o holandês Kuyt, projeta Tite. Para o técnico, Kuyt deverá perseguir o brasileiro por toda a partida, mas a força de Maicon tende a prevalecer:

– Ele pode ser imarcável.

Foto: Gabriel Bouys, AFP


O Brasil pode voltar para casa se...

1) Não tomar conta dos avanços de Robben. O craque do Bayern de Munique voltou ao time, depois da lesão, sem medo de ir para cima. Logo no primeiro jogo, contra Camarões, entrou em campo, pegou a bola e meteu um tirambaço na trave. No rebote, Huntelaar só tocou para um gol vazio. Sua jogada clássica – cortar da ponta-direita para o meio e chutar de esquerda – dificulta a marcação pelo canhoto Michel Bastos.

O antídoto: embora a jogada de Robben seja manjada, como criticou Sócrates (sempre ele), cabe ao Brasil não dar espaço para o chute e garantir que Juan faça a cobertura de Michel Bastos.

– Todo o lado esquerdo do Brasil precisa estar mais ligado – diz o técnico do Grêmio, Silas.

Foto: Karim Jaafar, AFP

2) A Holanda caprichar nos chutes de longe. Bater de fora da área não é vergonha alguma para os holandeses – três dos sete gols nesta Copa do Mundo foram em arremates de longa distância. Sneijder e Robben sempre procuram finalizar (lembram da bucha de primeira do jogador do Bayern contra o Manchester, pela Liga dos Campeões?). O Brasil, por outro lado, ainda não foi muito exigido nesse quesito. Aliás, no total o número de chutes disparados contra o Brasil na Copa é inferior ao de chutes disparados pela Holanda: 49 a 58.

O antídoto: marcar por zona, avisa, da Inglaterra, o ex-volante gremista Lucas, que encontra vários holandeses na liga inglesa. Segundo ele, a marcação individual deixa espaço para nomes como Kuyt (seu companheiro no Liverpool) e Van Persie (do rival Arsenal) desequilibrarem.

Foto: Julie Jacobson, AP

3) A organização e o toque de bola holandês prevalecerem. Para Cláudio Duarte, o time jovem da Holanda trabalha muito rápido as jogadas e usa a ótima qualidade de passe para tentar definir os lances com simplicidade. É uma equipe que, como o Brasil, gosta de ter a posse de bola (o índice médio é de 55%, contra 57% da Seleção). Tite destaca a sincronia do sistema defensivo holandês. 

– Eles mudam na frente, mas, do goleiro aos dois volantes, vêm repetindo a movimentação há tempos – diz Tite.

O antídoto: criatividade do ataque brasileiro. Tite lembra que nenhum dos adversários (Dinamarca, Japão, Camarões e Eslováquia) exigiu da Holanda nem perto do que Kaká, Robinho e Luís Fabiano podem.

Foto: Joe Klamar, AFP

4) Wesley Sneijder jogar tudo o que sabe. E é muito. Cérebro do meio-campo no time montado por Bert van Marwijk (que não o trocaria nem por Kaká), Sneijder tem 15 arremates neste Mundial – dois deles resultaram em gols. Ainda é responsável por lançamentos como o que originou o primeiro gol holandês contra a Eslováquia: cercado no campo de defesa, viu de canto de olho a subida de Robben e mandou a bola no ponto exato em que a zaga não alcançaria.

Foto: Vincenzo Pinto, AFP

O antídoto: para Tite, o volante mais capaz de anular a velocidade do "Zico holandês" é Gilberto Silva. Felipe Melo seria temerário nessa caça, segundo o treinador, por ter menos mobilidade.

5) O meio-campo do Brasil jogar descontado. Felipe Melo estará na plenitude física? Daniel Alves vai substituir Elano à altura? Tite sustenta: Dunga não vai colocar em campo ninguém a menos de 100% fisicamente – sendo assim, Josué terá o mesmo ritmo e entrosamento de Felipe Melo? Os problemas do Brasil se concentram justo no setor do campo onde Robben e Sneijder fazem a diferença.

O antídoto: compensar a lentidão de Felipe Melo (caso jogue) com um Daniel Alves mais recuado, segundo Tite. Subidas mais fortes de Maicon também poderão segurar mais o lado esquerdo holandês.

Foto: Fabrice Coffrini, AFP

:: Para saber mais sobre o confronto, conhecer as prováveis escalações e conferir uma análise tática das equipes, setor a setor, clique na figura abaixo:

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