Mithyuê, 20 anos, acaba de deixar o Grêmio. Vai passar uns meses lutando contra o rebaixamento no Atlético-PR, clube em crise permanente e no qual fará tudo, menos evoluir como jogador.

Muito estranho este empréstimo repentino.
Muito estranho.

Se o Grêmio tivesse um grupo fantástico, cheio de opções, se fosse um Barcelona com dois ou três jogadores para cada posição, aí tudo bem. Poderia se dar ao luxo de emprestar jovens promessas para pegar experiência. Não é o caso, ninguém há de discordar.

Para qualquer campeonato, mais ainda um interminável como o Brasileirão, qualidade faz falta. E Mithyuê tem qualidade de sobra: é algo visível, escancarado.

É um dos jogadores mais pedidos pela torcida. Nem sempre o torcedor está certo, mas nesse caso a arquibancada sobra de razão.

Sempre que recebeu chances, ele mostrou bom desempenho. É muito mais jogador do que muitos do Olímpico.

Uma lesão no joelho o atrapalhou bastante, mas a verdade é uma só: o Grêmio e o técnico Silas não apostaram nele.

Mesmo quando estava 100%, mesmo quando nem gripe ou dor de cabeça havia, nem assim Mithyuê ganhou uma chance de verdade. Falo de uma, duas, três partidas. Sequência.

Willian, que agora o Grêmio tenta repassar à Ponte Preta, perdeu gols e deu de canela na bola tantas vezes quanto foi possível escalá-lo. Mithyuê não teve nem uma terça parte das oportunidades ofertadas à William.

É uma pena. Não apenas para o Grêmio, mas para o futebol.

Quando o Grêmio foi buscá-lo no futsal, ele era apontado como o sucessor de Falcão, apenas o melhor jogador das quadras do mundo todo em todos os tempos. 

Repito: é esquisito este empréstimo para pegar experiência.
A menos que o motivo seja outro.
A não ser que existam razões para a saída temporária de Mithyuê no Olímpico que nossa vã filosofia não atinja.

Só o futuro dirá. Ou não.
O futuro sempre encontra ali adiante a verdade negada meses antes com veemência.
Mas que é estranha esta saída de Mithyuê, ah, isso é.



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