| 22/04/2010 05h10min
Foi uma classificação preocupante, daquelas que merecem mais reflexão do que festa na Goethe. Contra o seu primeiro adversário de primeira divisão este ano além do Inter, o Grêmio classificou-se ajudado por um erro notório de arbitragem (não aqueles erros de centímetros, mas um erro visível à distância).
Falo do escanteio inexistente que resultou no primeiro gol da vitória por 3 a 1, no Olímpico. Como a expulsão de Caio veio em seguida, pode-se dizer: o Grêmio venceu um time de primeira divisão, mas com um jogador a mais durante quase todo o jogo.
Ontem, na Ressacada, 11 contra 11, em igualdade de condições e contra um time que enfrentou uma decisão estadual extenuante de turno no domingo contra o rival Figueirense, derrota por 3 a 2. Silas tem muito a corrigir se quiser ser campeão, especialmente na defesa.
Em nenhum momento o Grêmio mostrou aquela superiodade capaz de dar confiança ao torcedor. Pior: não teve guerra alguma contra si. O Avaí jogou na bola. O inimigo estava desfalcado de seus três mais importantes jogadores do meio para frente: Caio, Vandinho e Sávio.
Mesmo assim, a defesa do Grêmio mostrou incapacidade assustadora.
O segundo gol catarinense parecia jogada de futsal: drible sobre Edilson dentro da área, passe e gol em cima da linha. Ele foi driblado com facilidade espantosa, mas também não havia cobertura. Com Fábio Santos, do outro lado, o mesmo problema.
Não fosse o chute espetacular de Rochemback para salvar a pátria, os minutos finais seriam de pânico com tendência a motim. Um golzinho a mais do Avaí e a decisão iria para os pênaltis.
O primeiro tempo do Grêmio foi horroroso. Se a defesa jogar 45 minutos desse jeito contra o Santos, adeus. Toma três ou quatro gols e não busca mais nem trazendo Felipão e Fábio Koff por um jogo só para operar algum milagre tipo Batalha dos Aflitos.
Algumas atuações abaixo da crítica prejudicaram o rendimento do time. Douglas, peça-chave para reter a bola no campo adversário, desapareceu. Não chutou uma vez a gol sequer. Um camisa 10 não pode passar tanto tempo sem ameaçar o goleiro. Leandro mostrou-se apático.
Douglas e Leandro, os meias, não ajudaram na marcação e sobrecarregaram os volantes, que terminaram como vilões.
O time de Silas permitiu ao Avaí que se adonasse do seu próprio campo. A bola era recuperada com marcação adiantada, perto demais da área de Victor. A consequência inevitável, após dois milagres do goleiro gremista: cruzamento para área, no abafa, e gol quase nos acréscimos, aos 44 minutos: 1 a 0 para o Avaí.
O segundo tempo teve mais vontade, mais pegada, mais interesse, mais tudo. O Grêmio de antes do intervalo era o Grêmio eliminado do Gauchão pelo Pelotas. O gol de Jonas parecia ter resolvido tudo, mas o Avaí fez 2 a 1 e, quando ia colocar pressão total, Rochemback aliviou os corações tricolores empatando com um golaço de falta. Não havia mais como ser eliminado.
Repito: a derrota por 3 a 2 é preocupante e merece reflexão profunda.
Lá na frente, contra o Santos, ou até antes, se o adversário da quartas de final for mesmo o Fluminense, o Grêmio que arrume um jeito de ensinar os laterais Edílson e Fábio Santos a marcar melhor ou encaminhe uma cobertura mais eficiente para os dois
Do contrário, é fiasco certo.
Com um gol de falta, Fábio Rochemback fez o segundo do Grêmio e livrou o time da decisão por pênaltis
Foto:
Roberto Candia, AP
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