| 04/03/2010 15h30min
Conversei com um médico importante, de larga experiência neste tipo de assunto e muito ligado ao Inter. É um profissional reconhecido e de convívio consistente no Beira-Rio. Conhece o assunto. E ele me passou um relato preocupante e triste sobre o Caso Walter.
A questão central é: Walter não compreende o que dizem para ele. Mesmo os temas mais óbvios. Não raro, especialmente quando está acometido de uma espécie de crise de perseguição como a que o fez sumir dos treinos e se trancar em casa após o jogo contra o Emelec, tem aumentadas as dificuldades de discernir.
Uma brincadeira inocente pode, aos seus olhos, virar ofensa. Uma simples pergunta torna-se prova irrefutável de alguém querendo enganá-lo da forma mais solerte
possível. Não é assim com todas as pessoas sem instrução e que mal sabem escrever o nome, mas
com o ótimo centroavante do Inter é assim que funciona.
Portanto, fica impossível qualquer tipo de diálogo. Este tem sido o problema para trazê-lo de volta: não há como engatar uma conversa desarmada e serena.
O Inter tenta, tenta, mas esbarra nesta parede intransponível. Contratou professora de português e nutricionista para um acompanhamento diário. Walter desistiu. Então, só resta mesmo manter o caminho da punição pura e simples.
É como se fosse uma criança de quatro anos, que precisa ouvir repetidas vezes dos pais determinado procedimento, para só então se convencer. E, ainda assim, precisa deles por perto para ter certeza de que não corre risco. Ou de alguém que incorpore este papel de protetor. Quando consegue estabelecer este ambiente, ótimo. Só que nem sempre é assim, ainda mais no futebol.
Quando se tem quatro anos, fica mais fácil resolver. Uma conversa, um abraço, às vezes
aquele castiguinho leve resolve. Em seguida estão todos felizes
novamente. Mas Walter é um homem de 20 anos, maior de idade, embora a cabeça não tenha acompanhado este crescimento.
Ganha R$ 15 mil mensais, pode estar apaixonado (ou não) e teve o nível de vida radicalmente transformado com o que conquistou no futebol graças ao seu talento, no Inter e nas seleções da CBF.
É uma pena. Walter não é culpado de ser assim. Não o faz por mal. É um caso absolutamente particular. Mas se a sua crise paranóide não passar a tempo de ele recuperar-se dos erros que está cometendo — com ou sem culpa, não importa — vai jogar uma carreira promissora fora. Se a cabeça de Walter não mudar um pouco só, será o fim.
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